Um negócio que vinha sendo especulado desde o início do mês foi confirmado nesta segunda-feira. A General Motors (GM) vendeu sua unidade na Europa, que funcionava com o nome Opel, ao grupo PSA (Peugeot e Citroën), por um valor estimado em 2,2 bilhões de euros (o equivalente a R$ 7,25 bilhões). Os motivos indicados por executivos da GM são as mudanças geopolíticas na Europa e o fato de exigências de adaptação às mudanças climáticas demandarem mais investimentos em um momento em que a empresa quer focar na América do Norte, na China e em novas tecnologias, como a dos veículos autônomos.
Embora nem América Latina nem Brasil tenham sido citados, há expectativa de que a GM inclua o país nos projetos de maior retorno. O ano passado consolidou o Onix, modelo produzido em Gravataí, como mais vendido no Brasil, situação inédita para a montadora no país. Em 2015, a montadora anunciou a duplicação de seu plano de investimentos de R$ 13 bilhões no Brasil até 2019, mas a crise que fez a despencar a venda de veículos atrasou o cronograma. A expectativa é de as fábricas de Gravataí, São Caetano e Joinville (SC) recebam recursos. Em Joinville, já começou a expansão de R$ 1 bilhão na unidade de produção de motores.
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O acordo bilionário transforma a PSA, que na Europa também vende a marca DS, na segunda maior montadora do continente. Para a GM, encerra um período sem resultados atrativos na Opel e dá o fôlego financeiro de que a montadora americana vem precisando desde a crise de 2008. Embora tenha melhorado dramaticamente sua performance desde então, a GM ainda sofria com uma subavaliação de suas ações no mercado de capitais, o que pode começar a mudar com essa injeção de recursos para investimentos mais rentáveis.
Na entrevista coletiva da manhã desta segunda-feira em Paris, o presidente mundial da GM, Dan Ammann, afirmou que "por melhorar imediatamente o perfil geral de negócios, a transação vai permitir aumentar nosso retorno aos acionistas". E acrescentou que "tão importante quanto isso, permitirá um foco maior de tempo e recursos em investimentos de maior retorno no nosso negócio automotivo principal e em novas tecnologias que estão transformando nossa indústria".
Na Europa, a Opel, subsidiária integral da GM até agora, tem seis fábricas e 4 mil funcionários. conforme Ammann, o mercado automotivo europeu se tornou tão diferentes das outras regiões onde a marca americana atual que apenas 20% das futuras linhas da Opel seriam compartilhadas com o restante da empresa.
A decisão do Reino Unido de sair da União Europeia (Brexit) tomada no ano passado mas ainda não implantada, teve peso na decisão da GM. Os executivos foram perguntados se a eleição de Donald Trump nos Estados Unidos também contribuiu, dada sua insistência na redução das importações. A única resposta foi que a "mudança na paisagem" na Europa e em outras partes do mundo levaram à decisão.