Na parte do mundo onde o Carnaval não monopoliza toda a atenção, não se fala em outra coisa: o efeito na reputação da PwC – até há pouco conhecida como PricewaterhouseCoopers – do fiasco na entrega do último e mais importante Oscar, o de melhor filme. Um porta-voz da Academia já admitiu que o contrato com a PwC está sob revisão.
O resumo do vexame: os atores veteranos Warren Beatty e Faye Dunaway deveriam anunciar o último vencedor. Beaty pareceu confuso, mostrou a Faye, que pronunciou "La La Land". Os vencedores subiram ao palco, em seguida invadido por pessoal dos bastidores. A confusão foi explicitada com irritação e dignidade por Jordan Horowitz, um dos produtores de La La Land, que anunciou o erro e o vencedor de fato, Moonlight. Beatty fez questão de explicar que seu cartão dizia "Emma Stone, La La Land". Havia recebido o envelope errado.
Na manhã de ontem, a gigante global de auditoria e consultoria lançou nota: "Nós pedimos desculpas a Moonlight, La La Land, Warren Beatty, Faye Dunaway e aos espectadores do Oscar pelo erro ocorrido durante o anúncio de melhor filme. Os apresentadores receberam por engano o envelope de um categoria errada, e quando o erro foi identificado, foi imediatamente corrigido. Estamos investigando as causas do engano e lamentamos profundamente que tenha ocorrido".
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Dois representantes da PwC, Brian Cullinan e Martha Ruiz, contam votos, memorizam resultados e preparam dois conjuntos de resultados (na foto, Martha, de vestido vermelho, confere o envelope correto com Cullinan, enquanto Horowitz ainda contempla o errado). A Academia estabelece a ordem e eles fazem a entrega.
A reputação colhida pela PwC ao longo de 83 dos 89 anos de Oscars está em risco. Com sede em Londres, é fruto de uma série de fusões e aquisições, com receita de US$ 35,9 bilhões em 2016. Tem 223 mil colaboradores e atua em 157 países. No Brasil, audita balanços de grandes empresas, como o Itaú Unibanco. Nigel Currie, especialista independente em marcas ouvido pela Associated Press (AP), avaliou que lidar com essa situação deve ter rendido "crise profunda", e que a PwC não tem outra opção a não ser detalhar o ocorrido para conter os danos à reputação.
Até ontem, não se sabia qual dos representantes havia entregue o envelope errado. Também consultado pela AP, Jeremy Robinson-Leon, diretor de operações do Gordon Group, focado em relações públicas, opinou que o ônus do erro recairá sobre a PwC. Caso a parceria seja mantida, o que ainda é dúvida, a empresa terá de adotar controles para garantir que o episódio não se repita.