Depois de meses difíceis, com queda expressiva nas vendas, o comércio varejista ganha um alento. Estudo inédito realizado pela Fecomércio-RS aponta que o nível de endividamento das famílias – um dos principais vilões responsáveis pelo freio no consumo – começa finalmente a cair.
No último ano, a população fez com bastante eficiência o que o governo ainda não conseguiu: apertar o cinto, pagar parte das dívidas e contrair despesas menores. Como boa parte do crédito disponibilizado no Brasil é de curto prazo, já seria possível falar em espaço para novas compras financiadas ainda em 2017 – isso se a taxa de juro ajudar.
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– Não podemos garantir que o varejo vá voltar a crescer em breve, mas podemos afirmar, com certa segurança, que o endividamento das famílias não será o empecilho para a retomada – explica Lucas Schiffino, economista do Sistema Fecomércio e responsável pela pesquisa.
O estudo também desfaz o mito de que o brasileiro é um povo consumista. Cruzamento de indicadores mostra que boa parte do endividamento no país está relacionado ao crédito imobiliário e para aquisição de bens de longo prazo.
Um dado relevante – e aparentemente contraditório –reforça a tese. Em 2015 e 2016, o percentual de renda utilizado para pagar despesas com consumo bateu recorde, um reflexo da redução no rendimento das famílias, impactadas pelo desemprego, e não pela gastança excessiva.
– Não tem necessariamente a ver com gasto desenfreado – sustenta Schiffino.
*A colunista Marta Sfredo está em férias