No dia em que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, assinou a ordem para a construção do muro na fronteira com o México, a Bolsa de Nova York alcançou um novo recorde. O índice Dow Jones, o mais tradicional, passou pela primeira vez na história a barreira de 20 mil pontos nesta quarta-feira. Com exceção de segunda-feira, dia em que anunciou a retirada da Parceria Transpacífica (TPP na sigla em inglês) e o mercado piscou, a plataforma de Trump vem animando os investidores em ações nos EUA.
Desde a vitória de Trump, a Bolsa de Nova York entrou em fase chamada de “rali” no jargão do mercado de capitais. Estão animados não com a construção de muros e implosão de acordos, mas com a parte ainda não cumprida da plataforma do novo presidente, mais focada em questões domésticas: corte de impostos para empresas e pessoas, redução na regulação da economia – enfim algo que se parece ao Partido Republicano – e os famosos incentivos à infraestrutura.
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Como se sabe, o mercado faz apostas no futuro, mas no imediato amanhã, não na próxima década, nem pensar no próximo século. Nesse curto prazo, sim, o Brasil é beneficiado pela implosão do TPP, por mais que a decisão atrapalhe os plano do país de buscar maior inserção global. Não vem de um acadêmico diletantista, mas de uma pragmática agência de classificação de risco (Moody’s) o diagnóstico: "É uma oportunidade perdida para os países exportadores que queriam um maior acesso a mercados importantes".
Se muro e recorde podem ser curto-prazistas, o que será do dia depois de amanhã? O que inquieta analistas é o efeito do plano de robustecer a infraestrutura americana sobre o endividamento dos EUA. Os cálculos mais conservadores apontam para um aumento de 50% no total da dívida em uma década, como fruto da combinação de redução de impostos e aumento de gastos. Sobre os mais pessimistas, nem vale a pena comentar.