A projeção do Fundo Monetário Internacional (FMI) para o Brasil, feita nesta quinta-feira, é de que o país está diante do fim da recessão. A instituição prevê para este ano um novo tombo de 3,3% no Produto Interno Bruto (PIB) e, para 2017, o início da saída do buraco, com reação moderadíssima, de 0,5% – 0,8 ponto abaixo da estimativa do Banco Central (BC). O FMI mencionou fatores que agravaram a crise – queda no comércio, condições financeiras mais apertadas, aumentos de tarifas de energia “necessários, mas exorbitantes”, escândalos de corrupção e incerteza política – sem fulanizar responsabilidades.
O problema é que a alentadora projeção do Fundo veio no mesmo dia em que o mundo passou a temer um revés grave em um gigante das finanças mundiais, o alemão Deutsche Bank. Com uma multa espetada de US$ 14 bilhões por responsabilidades na crise de 2008, o banco enfrentaria saques intensos de fundos, o que agravaria sua situação.
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Sobressaltos com bancos têm sido intermitentes neste ano, sem que, até agora, algum risco sistêmico tenha se caracterizado. Durante a semana, a Forbes americana advertiu que o Deutsche pode ser tornar o novo Lehman Brothers, o que poderia ser ruim para a Alemanha, a Europa e outras grandes economias, citando nominalmente Rússia e Brasil.
Para o FMI, existem no Brasil – a gente já sabia, não é? – “sinais preliminares” de que a recessão está próxima do fim. Adverte que a previsão de retomada em 2017 vai depender da aprovação no Congresso e implementação da proposta de emenda à Constituição (PEC) que limita o crescimento dos gastos públicos à inflação do ano anterior e da reforma da Previdência, além do cumprimento das confortáveis metas fiscais neste ano e no próximo.
Espremido entre a expectativa de redenção e ameaças à espreita, o governo federal espera que passem as eleições municipais para acelerar as medidas de correção da crise. Pode estar perdendo tempo precioso.