Até o sempre preocupado Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi) se surpreendeu ao constatar que o setor, em declínio ainda antes do mergulho recessivo, virou “matriz do ajuste”. Por ora, do ajuste externo, refletivo principalmente nos indicadores da balança comercial, que teve resultado recorde de janeiro a julho. Ainda, é preciso constatar, provocado pelo fato de a queda nas importações (20,3%) ter sido muito mais acentuada do que a das exportações (3,5%).
Vem do inquieto Iedi a constatação de que o câmbio começa a provocar um efeito benéfico: a substituição das compras no Exterior por fornecimento nacional. A entidade avalia que a troca é mais nítida nos segmentos de têxteis e calçados, importante no Estado. A expectativa é de voltar a ter, ainda este ano, aumento das exportações de bens industriais, outro segmento que está na base fabril do Rio Grande do Sul, especialmente em Caxias do Sul.
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Entre a queda nas importações e alguma perspectiva de alta das exportações, a projeção do Iedi é ter resultado positivo do saldo comercial da indústria de transformação (que exclui ramos extrativos, como minério de ferro e petróleo) em 2016, algo que não ocorria desde 2008.
Mas como a coluna tem advertido, e o Iedi não cumpriria seu papel se não o fizesse, há um ponto de atenção no meio do caminho. Conforme o instituto, o principal risco para o primeiro superávit em seis anos vem do câmbio, que em junho já havia se apreciado 20% ante janeiro de 2016. É o difícil equilíbrio entre a inflação e a retomada.