No mercado financeiro, já circulam indagações se o atual ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, corre o risco de virar Joaquim Levy II – aquele sobre o qual se depositam esperanças de ajuste, mas que não consegue romper a lógica dos compromissos de governo. Por ora, são apenas interrogações. Mas se ao voltar ao Planalto Meirelles só precisava apresentar carteira de identidade para impor respeito, agora precisa mostrar trabalho.
Do déficit multiplicado para incluir "bondades" ao recuo nas exigências de contrapartida aos Estados na renegociação da dívida, passando por episódios menos barulhentos, a imagem até então inoxidável de Meirelles se oxidou. Polimento, seguido de novo banho de metal isolante, pode resolver, mas agora ambos se tornaram necessários.
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As críticas mais amenas avaliam que a postura mais flexível do governo tenha prazo para terminar, exatamente o ponto em que o interino deixará de sê-lo. Mas até aliados, como líderes do PSDB, cobram do inquilino atual do Planalto mudança de postura.Com a cotação de volta a menos de R$ 3,20, o dólar testa a fidelidade do Banco Central à retomada de um dos três pilares, o câmbio flutuannte. Parte do movimento de baixa é explicado pelo andamento do processo de impeachment, mas a maior parcela vem, mesmo, do Exterior.
Investidores captam recursos ''de graça'' – taxas negativas ou muito baixas –, convertem em reais, aplicam com base no juro de 14,25% ao ano, trocam de novo e embolsam rios de dinheiro. É o que, no jargão do mercado, chama-se carry trade, uma lucrativa forma de especulação.