Em conversa reservada com o governador José Ivo Sartori nesta semana, empresários gaúchos saíram mais preocupados do que entraram. Ficou claro que o parcelamento de salários, que tanto atrapalha a recuperação no Estado, vai se estender até que a crise nacional apresente sinais efetivos de melhora, não apenas de “despiora”.
Alguns ficaram exasperados com o tom simplista da conversa e comparações que consideraram inapropriadas. Outra vez, Sartori deu sinais de desconforto com a regra constitucional que dá estabilidade aos servidores públicos estaduais. Muitos se perguntaram, então, porque o governador não propõe, de uma vez, a mudança da regra.
Embora a maioria dos empresários entenda as dificuldades no equilíbrio entre os poderes, no enfrentamento das corporações e no convencimento dos parlamentares, não poucos manifestam o desejo de ver mais rapidez no encaminhamento de questões como privatização de estatais para as quais não há exigência de plebiscito.No discurso entre conformado e sem ousadia do governador, houve até quem tenha identificado risco de novas altas de tributos, mas não foi uma percepção consensual. Mas quase todos se preocuparam com o fato de Sartori não dar sinais de entender como o tarifaço do início do ano foi prejudicial aos negócios das empresas gaúchas.
Também ainda se ressentem da falta de conhecimento específico de alguns secretários sobre os temas que já deveriam, a essa altura, dominar. Apesar das queixas, quase todos entendem a difícil situação em que o governador assumiu a gestão de um Estado, como retratou nesta semana uma publicação nacional, praticamente falido.
A compreensão de que Sartori não é responsável pelo atual estado de coisas não o blinda a pressões por mais velocidade e mais ação. Se decisões na composição de governo foram ditadas pela necessidade de construir consistente base de apoio na Assembleia, até em detrimento de áreas estratégicas para a economia, os empresários esperavam mais resultado.