Está em cartaz nos cinemas um novo filme sobre as espertezas do mercado de capitais, que parte de uma expressão frequente na cobertura real de Wall Street, o ''glinch''. Traduzido para o português como ''pane'', já foi justificativa para várias situações inexplicáveis na bolsa de Nova York.
A desconfiança do cidadão comum em relação aos grandes conglomerados e à forma como se protegem inspiraram várias histórias, de comédias a documentários.
As Loucuras de Dick e Jane (2005)
Pouco antes do auge da crise, já havia sinais de preocupação no mercado de hipotecas e na condução das corporações nos EUA. A comédia não poupa ''americanos típicos'', insinuando que são capazes de tudo para manter o padrão de vida. Depois da falência da empresa em que trabalha, a dupla do título passa a assaltar, mas se redime ao provar que o motivo da falência foi um desvio milionário para a conta do dono da empresa.
Enron, os Mais Espertos da Sala (2006)
Volta no tempo para contar a história da falência da Enron, empresa americana do setor de energia fechada em 2001 após a descoberta de fraudes contábeis. Mostra desde a relação oportuna dos diretores com a família Bush no processo de ascensão da empresa até o colapso, que deixou milhares de desempregados. Os executivos, destaca o documentário, escaparam com os bolsos cheios.
O Lobo de Wall Street (2013)
O mais incrível é que a história é inspirada em fatos reais – com aquele ''toque'' de Martin Scorsese –, a partir das memórias de Jordan Belfort, que já fez até palestra no Brasil. Nos anos 1990, quando o corretor virou multibilionário, os 'glinchs' ainda não eram os suspeitos de sempre, mas o filme mostra como um grupo de investidores migrou do mercado organizado para o crime organizado, com direito a investigação do FBI.
Jogo do Dinheiro (2016)
O argumento é conhecido, e a coluna não fará spoilers. É difícil fazer filmes sobre o mercado que evitem comparações com o excelente A Grande Aposta, mas ainda assim a diretora Jodie Foster fica devendo um pouquinho. A história começa bem, desanda e ensaia um ótimo desfecho, prejudicado por uma cena final excessivamente hollywoodiana. Vale mais por expor os ''glinchs''.