Anunciado após o fechamento do mercado financeiro, nesta segunda-feira, opedido de recuperação judicial protocolado pelo Oi era esperado, já que a companhia tenta, há anos, equacionar o crescente endividamento. Ainda assim, o valor envolvido no pedido impressiona: são R$ 65 bilhões, ultrapassando em quase seis vezes o recorde anterior, da OGX de Eike Batista. O passivo financeiro da operadora está em R$ 50 bilhões – os restantes R$ 15 bilhões, que sozinhos excedem o valor da primeira quebra de Eike, são de ''outras pendências com terceiros''.
A novela da dívida da Oi se desenrolava em capítulos, cada vez mais dramáticos. Os mais recentes foram, como ficou comprovado na segunda-feira, marcados por fracassos. Um dos mais recentes havia sido a tentativa de fusão com a TIM no Brasil. A operação, que teria apoio de US$ 4 bilhões de um fundo de investimentos da Rússia – hoje fica claro que era valor tímido –, daria fôlego à companhia, quarta maior do mercado nacional. O recuo dos russos, anunciado em fevereiro, decretou o fim da negociação.
Sem sucesso na tentativa de encontrar novo comprador, a Oi tentou assinar, com o BNDES e o Banco do Brasil, acordos para suspender, por 180 dias, o pagamento do passivo com a instituição – a estimativa é de que cerca de US$ 10 bilhões da dívida da empresa seja com bancos de desenvolvimento, como o BNDES, e agências de fomento à exportação. É quase desnecessário, mas bom lembrar, que a Oi era uma das eleitas pela política de ''campeões nacionais''.
Agora, o desenrolar ganha nova temporada e novos episódios. O pedido terá de ser aceito na Justiça – que só o fará se considerar viável a recuperação. Isso feito, será preciso apresentar, em 60 dias, um plano de recuperação, que terá de ser aprovado pelos credores. Nenhuma das duas etapas promete ser fácil. Se forem cumpridas, a empresa será autorizada a manter operações normais enquanto ganha prazo para quitar os débitos. No balanço de 2015, a auditoria da KPMG havia apontado ''incerteza significativa que pode levantar dúvida quanto à capacidade de continuidade dos negócios da companhia''. A coluna havia registrado, no dia anterior, a expectativa de que o número de pedidos de recuperação judicial pudesse crescer, mesmo com sinais de que o fundo do poço da economia possa ter sido atingido.