
Depois de colecionar fracassos – da esnobada da China à queda no PIB, passando pelo aumento no déficit comercial –, Donald Trump enfim colheu uma vitória com seu tarifaço. Nesta quinta-feira (8), EUA e Reino Unido anunciaram acordo.
Depois de quase 40 dias de manicômio tarifário, é um sinal de que existe chance de desmanicomização. Claro, a relação de aliados históricos entre EUA e Reinou Unido facilita, mas ainda assim os termos serão um farol para o restante dos 183 países tarifados – outra vez descontando a ilha habitada só por focas e pinguins.
É bom lembrar que os EUA tiveram sólido superávit com o Reino Unido em 2024 (veja dados abaixo), o que facilita o entendimento. Então, há dois pontos em comum com o Brasil: além de os dois países terem déficit na balança comercial com os americanos, a diplomacia nacional acertou ao não retaliar – os britânicos também mantiveram a lendária fleuma. Isso ajuda manter as tratativas abertas.
O que foi anunciado oficialmente parece pouco: os EUA vão reduzir as tarifas sobre carros dos atuais 27,5% para 10%, mas só para uma cota de 100 mil veículos. O imposto de importação de 25% sobre aço e alumínio seria revogado.
Em contrapartida, Londres ofereceu a Washington o aumento na importação de carne bovina americana e a simplificação do processo alfandegário para produtos americanos.
Conforme dados do USTR (United States Trade Representative, principal órgão de comércio dos EUA), em 2024 os dois países trocaram U$ 148 bilhões em produtos. Os americanos venderam US$ 79,9 bilhões e compraram US$ 68,1 bilhões na relação com os britânicos, o que significa superávit de US$ 11,9 bilhões, bem superior ao que os EUA tiveram com o Brasil no ano passado e 17,4% acima do obtido em 2023.