No mercado financeiro, que ainda não havia apresentado a euforia anunciada em relação ao avanço do processo de impeachment, mostrou outra vez de que lado está: a bolsa mergulhou e o dólar disparou na primeira hora após a divulgação da decisão de anular a votação tomada pelo presidente interino da Câmara dos Deputados, Waldir Maranhão (PP-MA). Foi uma segunda-feira à altura da tensão que cerca uma semana histórica no Brasil, com registros entre euforia e tristeza. Num país dominado por uma dramática polaridade, a manobra adicionou um toque de tragicomédia.
Nesse dia de susto com a insegurança jurídica e possibilidade de reversão no andamento do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff, o governo de Michel Temer, que havia passado de "eventual" a "provável" – e quase empreendeu caminho de volta a partir do meio-dia desta segunda-feira – deu uma resposta a quem já se perguntava por que, mesmo, o Brasil trocaria de presidente.
Mais do que a quantidade de cargos, chamava atenção a forma de preenchê-los: nomeações em troca de apoio. Para agravar, os nomes cogitados não adicionavam, antes subtraíam confiança, combustível escasso no país em crise. Acusando o alerta que havia soado no Palácio do Jaburu, a equipe de Temer voltou a filtrar a informação de que haverá, sim, cortes no ministério. As versões sobre o número final oscilam entre 22 e 23.
Empresários, muitos dos quais haviam bancado a ideia de ajuste não só fiscal, mas no peso do Estado refletido na composição da equipe, haviam acendido o sinal amarelo na direção de Temer. Ainda falta um longo caminho, que começa nos números e se estende para os nomes, mas só desembocará na linha de chegada com o esperado anúncio de medidas que sinalizem ambições de curto, médio e longo prazo.