Depois de março, quando se inspirou no chamado ''rali do impeachment'', o mercado perdeu fôlego. O período que marcou o melhor desempenho mensal em mais de 13 anos ficou para trás, e abril já acumula uma queda de 6,15% na bolsa. Só nesta quarta-feira, foram dois pontos de queda. Se todos aceitamos o quadro ''bolsa sobe quando governo desce'' e vice-versa, está dada a leitura do processo de impeachment pelo mercado. O que não quer dizer que seja definitiva.
Consultorias que se especializaram em tentar ''medir'' a probabilidade de impedimento via Congresso reduziram suas apostas. O Eurasia Group, que já calculava a hipótese na faixa de 70%, baixou para 60% suas fichas no afastamento pela via do processo que avançou ontem no Congresso com a apresentação do relatório favorável na comissão específica. No entanto, é curioso que tenha mantido em 75% sua avaliação da chance de que a presidente Dilma Rousseff não termine o mandato. Como se viu nos últimos dias, abriram-se outras portas de saída.
Outras consultorias, como a GO Associados, começam a avaliar um cenário pós-impeachment com ou sem Dilma – mas necessariamente com uma nova agenda econômica. Em caso de preservação do mandato, a aposta é de que Lula daria o tom do governo, tentando a sorte com uma nova Carta ao Povo Brasileiro – um conjunto de compromissos na condução da economia. Na visão da GO, há cinco condições necessárias para qualquer cenário pós-impeachment:
1. Atitude para reversão de expectativas, apelidada de “efeito Macri”
2. Plano de emergência para o reequilíbrio fiscal – como defendeu em Porto Alegre na terça-feira o ministro Armando Monteiro
3. Mobilização do capital privado para projetos de infraestrutura – que demandaria uma reconstrução da imagem internacional do Brasil
4. Plano factível de reformas estruturais
5. Um “salto de governança” para o controle da corrupção, assegurando a continuidade e a independência da Operação Lava-Jato.