Protestos fazem parte da vida democrática e, quando bem sucedidos, acabam entrando para a história das nações, da cultura e do comportamento. Quanto mais pacíficos, maior seu poder, como demonstrou a estratégia não cooperativa e não violenta de Mahatma Gandhi na Índia, narrada em um poderoso filme do início da década de 1980.
Como os ânimos estão exaltados, a racionalidade anda em baixa, mas é bom que seja resgatada por quem vai às ruas neste domingo, em qualquer dos polos das manifestações. Para dar sua contribuição, a coluna sugere algumas obras que mostram tanto o poder construtivo quanto o destrutivo das manifestações nas ruas.
Uma História de Amor e Fúria (2013)
Uma rara animação brasileira adulta, conta a história de um homem que está vivo há 600 anos no Brasil e passa por momentos-chave da história do país, desde conflitos indígenas, passando pela Balaiada, no Maranhão, e pela ditadura militar. E ainda flerta com a ficção científica, mostrando um Rio dominado pelas milícias e em guerra pela água dentro de 80 anos.
Depois de Maio (2012)
As manifestações de Paris em maio de 1968 são uma espécie de referência geracional, marcadas tanto por protestos de rua quanto por frases de efeito. Com esse ponto de partida, o filme mostra a influência política e cultural de um dos momentos apontados por historiadores e sociólogos como um ponto de inflexão no século 20.
Diaz: Política e Violência (2012)
O filme expõe o ataque policial a um grupo de ativistas antiglobalização acampado na escola Diaz-Pascoli, em Gênova, em julho de 2001. Os jovens estavam reunidos para o Fórum Social de Genova, simultâneo a um encontro do G-8. O título em inglês (Diaz: Don't Clean Up This Bood) repete uma frase escrita em um dos cartazes colocados na escola após o episódio.
Milk (2008)
Narra a história de Harvey Milk, o primeiro gay assumido a ser eleito para um cargo público nos Estados Unidos, assassinado em 1978 (não é spoiler porque está na história e no início do filme). Do ponto de vista de protestos, mostra o crescimento da adesão às manifestações e como isso dá sustentação a uma posição política.
A Batalha de Seattle (2007)
Aborda a manifestação, que começou pacífica mas descambou para a violência, responsável por cancelar uma agenda multilateral. Em Seattle, em 1999, deveria ter sido lançada a Rodada do Milênio da Organização Mundial de Comércio (OMC). Desde então, protestos marcaram cada reunião, e até hoje a liberalização do comércio mundial não evoluiu.
Gandhi (1982)
Cinebiografia de Mohandas K. Gandhi, que mostra a transformação do advogado no principal líder espiritual indiano, do primeiro protesto pacífico liderado por ele na África do Sul até seu retorno ao país asiático, que culminou com a independência da Índia do império britânico. A obra destaca a radicalidade da estratégia "não-cooperativa" e "não-violenta" de Gandhi.