Além da maior queda na última linha dos cálculos do PIB nacional dos últimos 25 anos, os dados divulgados nesta quinta-feira pelo IBGE confirmaram um temor: foi o maior tombo da taxa de investimento, expressa pelo indicador chamado Formação Bruta de Capital Fixo, da série disponível no órgão, ou seja, desde 1996.
A combinação entre o que os economistas chamam de “herança estatística”, quer dizer, o quanto a recessão de 2015 realimenta maus resultados para este ano, e o precipício dos investimentos, muitas consultorias passaram a piorar as projeções para a atividade econômica de 2016, com previsão de novos mergulhos de até 4%.
Conforme o núcleo de pesquisa macroeconômica do Itaú, por exemplo, mesmo que o PIB fique estável, haverá queda de 2,5% da atividade econômica em 2016 ante o período anterior. Outras consultorias atribuíram à forte queda de 14,1% na taxa de investimento correções severas nas estimativas para este ano.
Mas o Itaú observou que, no quatro trimestre do ano passado, o declínio de 4,9% foi o décimo consecutivo mas melhor que as projeções da instituição, de queda de 6,5%. A boa surpresa, conforme o banco, veio da construção civil. Fora de resultados menos piores do que os esperados e da agropecuária, é difícil encontrar conforto no PIB.
E a piora de cenário não ficou só nos números: a suposta delação premiada do senador Delcídio do Amaral (PT-MS) complicou a situação do Planalto e deixou ainda mais frágil um governo já em dificuldades. Em qualquer latitude, seria dia de aversão ao risco, com pressão negativa no mercado de capitais e no câmbio, certo? Não no Brasil.
A bolsa de valores teve nesta quinta-feira o melhor desempenho desde outubro de 2009, ou seja, antes da chegada de Dilma Rousseff ao Palácio do Planalto. Ações que haviam perdido muito de seu valor ao longo dos úlitmos meses deram pinotes: Usiminas PNA decolou 35,1%, Petrobras PN subiu 16,28%, Gerdau PN avançou 15,2%, Banco do Brasil ON teve alta de 13,07%. A alta volatilidade é uma marca dos países na situação do Brasil, em crise e classificado por todas as principais agências de classificação de risco como grau especulativo. O dólar se acomodou em um patamar que não frequentava desde dezembro passado, de R$ 3,80.
São os investidores reforçando suas apostas em um impeachment ou na cassação da chapa Dilma-Temer pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Não importa se há risco de o país ir parar nas mãos do parlamentar que virou réu oficialmente também nesta quinta-feira, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). O que o mercado quer, a essa altura, é um desfecho.
Que seja rápido.