Embora não surpreenda tanto quem vinha acompanhando os balanços trimestrais da empresa, o crescimento de 22,8% no lucro líquido da Lojas Renner em 2015, de R$ 471 milhões do ano anterior para R$ 578 milhões, divulgado nesta quinta-feira, é um atestado da preparação da rede gaúcha para enfrentar a crise. Enquanto as vendas no setor caíram, puxadas pelo aperto no orçamento das famílias brasileiras, a companhia conseguiu manter o plano de expansão traçado no início do ano passado e aumentar a participação no mercado brasileiro do varejo de moda – e espera fazer o mesmo em 2016.
Além do controle de custos rigoroso, mesmo em ano de disparada do dólar, da inflação e dos juros, a Renner atribui o bom resultado a uma combinação de fatores estratégicos. O diretor financeiro e de relações com investidores, Laurence Gomes cita a atenção aos processos de desenvolvimento de coleções, que se tornam mais complexos na medida em que a rede se expande para mais Estados – a companhia fechou 2015 com 380 unidades (275 Renner, 68 Camicado e 37 Youcom), ante 331 no final de 2014.
– Tivemos sensibilidade em traduzir as tendências internacionais para o ambiente brasileiro, e ajustar para as particularidades de cada região. Nesse momento, faz toda a diferença acertar a coleção.
Empresa vai investir R$ 550 milhões em 2016
Além da alta na receita, que subiu 17,4% em relação a 2014, para R$ 5,45 bilhões, Gomes destacou o aumento de 10,8% nas vendas em mesmas lojas. Esse indicador, que leva em conta apenas os resultados em unidades abertas há mais de um ano, reforça o foco da companhia em aumentar a produtividade para superar o momento de crise.
Ainda que o presidente do grupo, José Galló, só aposte em recuperação da economia para 2017, a Renner não pretende tirar o pé do acelerador neste ano. Ainda que preveja cenário igualmente complicado ao visto em 2015, vai manter o plano de expansão. Neste ano, a meta é investir R$ 550 milhões e abrir 60 novas lojas (25 Renner, 15 Camicado e 20 Youcom).
Continuar melhorando os processos internos é chave para conseguir atingir o objetivo de 2016, aponta Gomes. Um dos pontos destacados pelo diretor é o novo sistema de distribuição e abastecimento de peças nas lojas do grupo, que está sendo reformulado para ser mais efetivo. A expectativa é ver resultados da mudança nas vendas já no segundo semestre.