Assim como não havia motivo evidente para o tombo severo de 4,87% na bolsa na terça-feira, nada mudou para que o indicador se recuperasse 2,57% nesta quarta-feira. Menos ainda para que o dólar recuasse para R$ 3,9181, o menor valor desde 29 de dezembro. Parte desses movimentos bruscos são reflexos da crise, que deixa os mercados nervosos e seus indicadores, voláteis – sujeitos a altas e baixas bruscas e sem justificativa aparente.
Um dos motivos para a reação do real frente ao dólar é o fato de que a divisa perdeu força frente a várias moedas planeta afora. Surgiram novos sinais de que a economia americana não está tão bem quanto quiseram crer os integrantes do comitê do Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA). Mas se hoje um parlamentar espirrar no Brasil, não se pode descartar nova alta do câmbio. São tempos nervosos, tempos voláteis. Até que seja alcançada uma trégua, a normalidade está temporariamente em férias.
Ontem, no entanto, o desempenho do câmbio foi cercado de rumores envolvendo operações de bancos públicos, que teriam negociado uma quantia inusual de papéis, também pouco comuns, de dívida pública atrelada à variação do dólar. A partir de R$ 4, a cotação em alta do dólar mais atrapalha do que ajuda. Se a desvalorização do real ajudou o Brasil a reduzir seu déficit externo, reduzindo importações, gastos em viagens e incentivando, ainda que discretamente, a exportação, a partir de certo ponto atrapalha até quem quer vender ao Exterior. Além disso, pressiona a inflação, já elevada.
Para que seja possível levar a sério a discussão sobre a redução do juro básico, que cresce semana após semana, é preciso que a decolagem de preços alcance um teto. Conter o câmbio pode ajudar. É mais um capítulo da retomada da nova matriz econômica, inclusive pela forma como está sendo obtido? Pode ser. Mas desta vez representaria apenas o reforço de uma tendência global.