Depois de uma conversa longa entre a presidente Dilma Rousseff e o presidente do Instituto Brasileiro de Petróleo, Gás e Biocombustíveis (IBP), Jorge Camargo, ficou adiado para a próxima semana o anúncio de medidas de apoio do Planalto federal ao setor. Com severas restrições fiscais, inflacionárias e cambiais, o governo federal foca em iniciativas regulatórias, ou seja, nem desonerações nem subsídios.
Ao sair do encontro com Dilma, Camargo avaliou que a presidente está “ciente” da necessidade de socorrer a indústria. Para o presidente do IBP, visto como defensor dos interesses das empresas internacionais, o país ainda é “competitivo e atraente”.
Uma das alternativas discutidas entre a entidade e o Planalto seria a abertura à concessão das áreas candidatas à “unitização” – contíguas a blocos já identificados do pré-sal, mas ainda não formalmente inscritos no “polígono”, portanto submetidos à exclusividade da Petrobras. É um bom sinal de flexibilização do Planalto, diante da constatação de que a estatal não pode tudo.
É da consistência dessas medidas que vai depender o futuro dos polos navais do Estado. Caso outras empresas invistam aqui, podem dar fôlego aos fornecedores de equipamentos e serviços que hoje sofrem os efeitos da combinação entre os efeitos da Operação Lava-Jato e da queda no preço do petróleo.
O ex-secretário do Planejamento no Estado João Carlos Brum Torres expressou à coluna sua preocupação com o futuro de Rio Grande:
–O que está ocorrendo lá não pode ser considerado simplesmente um problema de Engevix ou Queiroz Galvão, nem simplesmente como uma crise riograndina, a ser tratada pelas autoridades locais. É um problema do Estado e deve ser encarado como tal, para encontrar saídas.
Na avaliação de Brum Torres, o setor naval de Rio Grande é a maior novidade da economia do Estado desde a constituição do polo metalmecânico de Caxias do Sul. O futuro dos Rios Grandes está associado às decisões sobre o segmento de óleo e gás.