O lado bom é que o Piratini não desiste. O nem tão bom é que faz seu ajuste de forma tão gradual que só estará completo quando chegar à fase 1.029 – ou algo assim. Os projetos enviados à apreciação da Assembleia têm a mesma direção: limitar o aumento ou racionalizar os gastos públicos. Mesmo assim, a maioria é quase irrelevante diante da atual situação das finanças estaduais, mesmo embutindo pontos controversos, como é o caso do que limita reajustes salariais do funcionalismo.
No discurso do governador José Ivo Sartori, nos de seus secretários e nos de empresários que emprestam apoio e aconselhamento ao Piratini, está clara a noção de que o Estado não cabe mais em seu orçamento. Como ampliar o a receita tem a limitação da pesada carga tributária e da crise nacional, a solução que sobrou é enxugar o Estado.
Uma estatal como a Cesa não faz mais sentido, mas a venda desafia a viabilidade, e mesmo em caso de sucesso, representa só um sopro de recursos. Uma discussão que começa a ganhar corpo – em declaração aparentemente acidental de Sartori, seguida de entrevista do secretário da Fazenda do Rio de Janeiro, Júlio Bueno ao jornal O Dia, é a estabilidade dos servidores. Bueno afirmou que “demissão de quem não tem zelo é um instrumento que temos que ter”. E levou a discussão para o Confaz.
Na mais recente edição do programa Frente a Frente, da TVE, o secretário gaúcho, Giovani Feltes, disse que “não defende exatamente isso” – o fim da estabilidade –, mas afirmou ser necessário “discutir essas relações”. Com o gradualismo do Piratini, não é para este mandato. Mas a discussão de situações específicas pode ser precipitada pela penúria do caixa e a pressão dos apoiadores.