Fundada por quatro sócios na garagem de um deles, a EZCommerce não tinha medo de se inspirar nas startups que viraram gigantes do Vale do Silício. Um era formado em Ciências da Computação, outro publicitário e dois trocaram a conclusão da faculdade pela vontade de empreender. Foi bem na época do estouro da crise financeira global, entre 2007 e 2008, e decidiram focar seus esforços no mercado corporativo.
Plataforma de aluguel
O comércio online mal engatinhava no Brasil e as empresas batiam cabeça para saber como oferecer uma experiência de compra razoável. A solução que encontraram parecia simples: alugar uma plataforma. O dinheiro não iria jorrar todo de uma vez, mas representaria um fluxo constante, que permitiria projetar a continuidade da empresa. Nascia a EZ Commerce (na pronúncia em inglês, seria izi commerce, a mesma de easy, ou fácil, em português).
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Capital 100% próprio
A marca pode ter dado voltas, mas o serviço agradou: Henrique Mengue, Alberto Fujita, Maurício e Ivan Correa (primos, não irmãos) começaram o negócio com capital 100% próprio, fruto de economias pessoais. Hoje, ocupam um andar de um prédio na Avenida Taquara, em Petrópolis, mais um pequeno escritório em São Paulo, e atendem clientes como Bombril, Track&Field (rede de lojas de roupas esportivas), Calçados Bibi, EMS (medicamentos) e mais cerca de 500 lojas virtuais.
- No modelo de aluguel de plataforma, o cliente não precisa se envolver com problemas de tecnologia. Recebe o software pronto, atualizado e, se precisar, tem assistência técnica - diz Mengue.
Salto de 53% na receita
O que começou durante uma crise planetária, com quatro sócios sonhadores, mas com pés no chão, evoluiu para uma empresa com 70 funcionários estabelecida e estabilizada, com faturamento anual de R$ 10 milhões. E neste difícil 2015, terá aumento na receita de 53%. Tudo foi conquistado fazendo um caminho contrário ao tradicional no segmento, que usa muitos recursos de terceiros e busca financiamento no mercado. Agora que conquistaram certa robustez, pondera Mengue, os sócios admitem fazer, outra vez, a trajetória inversa:
- Vai chegar o momento em que a gente vai olhar o mercado e buscar um outro patamar.
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Em várias línguas
A EZ Commerce tem no radar movimentos de mercado que podem representar novas oportunidades: conectar lojas em marketplaces - grandes portais de venda, como Submarino ou Lojas Americanas - e o movimento das fábricas em oferecer diretamente pela internet a venda direta de seus produtos, como calçadistas, por exemplo.
- Como a empresa já tem certa musculatura, esse salto que queremos dar não é para anjo (investidores que fornecem recursos e experiência para startups) nem para aceleradora (instituição que ajuda na implantação de negócios nascentes).
A empresa já começou conversas "em várias línguas", mas não tem pressa, diz Mengue:
- Temos uma máquina montada e uma operação redonda, estamos conversando com investidores para aumentar nossa força de vendas e continuar investindo em pesquisa e desenvolvimento.