Principal marca da Alpargatas, os chinelos Havaianas são mais do que um produto de sucesso: viraram símbolo do Brasil em lojas ao redor do mundo. De negócio diversificado do grupo Camargo Corrêa, focado em construção, foram para o cesto também amplo da J&F, dona da JBS e de outras sete empresas.
O mercado avaliou que o negócio foi neutro para o comando – as ações ordinárias avançaram módicos 0,63% – e ruim para os preferenciais – queda de 8% nesses papéis, que não terão direito ao valor oferecido aos que têm títulos que dão direito a voto nas decisões.
Entre os calçadistas, o desfecho foi visto com surpresa, porque havia expectativa de que um grupo do segmento pudesse ficar com a marca. O formato explica: o pagamento, equivalente a R$ 2,67 bilhões, será à vista.
Nessas condições, só duas ou três empresas do setor poderiam bancar o negócio. Nascida das dificuldades de caixa da Camargo Corrêa decorrentes da Operação Lava-Jato, a transação acabou reforçando especulações em torno do grupo da família Batista. A holding, que vai arcar com a conta, não tem participação do BNDES. A fatia de 23% do banco público está na JBS.
Desde o início do ano, a empresa tenta combater os rumores nas redes sociais de que um de seus donos é Lulinha, ou Fábio Luiz Lula da Silva, filho do ex-presidente Lula.
Entre seus vários negócios – a maioria de alimentos, mas também de celulose e finanças –, a J&F tem na JBS uma divisão de couro que fornece para o setor calçadista, o que poderia fazer a ponte com a atividade da Alpargatas. Mas a marca parece estar destinada a ser parte de um portfólio diversificado.