Um dos responsáveis pela popularização do turismo no Brasil, como fundador da CVC, Guilherme Jesus Paulus vendeu o controle da agência de viagens de varejo - ainda mantém 25% do capital - e criou uma empresa de hotelaria com todas as iniciais de seu nome, a GJP. Nos dois papéis, ajudou a tornar Gramado um dos maiores polos turísticos do Brasil, ajudando a equipar a cidade com atrações para preencher a agenda e até criar atrações onde antes havia problemas.
Um caso emblemático é o da Rua Emílio Sorgetz, que ganhou decoração de flores para se parecer com a Lombard Street, de San Francisco, que se vende como a rua mais tortuosa do mundo. Não por coincidência, justo quando os brasileiros são forçados a se voltar para o turismo interno, devido à alta do dólar, Paulus volta a investir no Estado, com um hotel já definido em Canoas e outro em prospecção em Porto Alegre.
Chegou a hora do turismo interno no Brasil?
Como tudo na vida é cíclico, voltou com força o turismo interno, e a região da serra gaúcha é contemplada. Mas é bom frisar que neste ano não houve baixa temporada na serra gaúcha, foi o ano todo alta temporada, com ocupação superior a 80%. E não assim foi só no Serrano, no Open House ou no castelo, o Saint Andrews, foi toda a rede hoteleira.
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Qual foi o papel da CVC e da GJP na transformação de Gramado em um dos destinos mais procurados do Brasil?
Toda a comunidade abraçou o turismo, sentiram que era a principal atividade econômica de Gramado. E houve gestões muito felizes da prefeitura. O comércio local é excepcional, os hotéis aderiram à arte de bem receber. Se a cidade é boa para quem nela habita, é boa para quem a visita. Nas palestras em outras cidades, sempre cito o exemplo de Gramado, o exemplo da comunidade. Criamos voos charters, trouxemos paulistas, cariocas. Há 20 anos, fizemos apresentação da serra gaúcha em Salvador, levamos um conjunto folclórico, fizemos um churrasco, quando ainda não havia churrascarias na Bahia. Convidamos cem pessoas, no fim foram 250, faltou cerveja (risos).
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Esses ciclos são benignos ou o que se ganha de um lado perde de outro, com quem deixa de ir ao Exterior?
O sonho de todo mundo é viajar, internamente ou para o Exterior. Há o sonho de ir a Paris, Nova York, Disney. Muitos adultos que não puderam ir a Disney quando crianças aproveitaram um dólar conveniente, até em decorrência da crise americana, que deixou o dólar muito baixo, deu oportunidade a todos os brasileiros visitarem os EUA. E o presidente Obama foi um grande marqueteiro, quando disse que os brasileiros eram bem-vindos nos EUA.
A GJP voltou a investir no Estado, em Canoas e Porto Alegre. É hora de diversificação?
Temos 14 hotéis no Brasil, 12 em operação e a partir de dezembro mais dois no portfólio, e fazemos neste dia 11 de novembro 10 anos de GJP. Temos muito espaço para crescer. O projeto de Canoas, me apaixonei assim que vi, porque une o útil ao agradável, tem residência, centro clínico, mall, a CVC já tem loja reservada lá. O hotel será bem moderno, jovem, vamos oferecer boa cama, bom quarto, bom chuveiro e boa internet.
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Como está a ocupação do St. Andrews, hotel seis estrelas?
No final de semana, estamos trabalhando muito bem. Durante a semana, é mais restrito, tem dois, três casais. Muita gente pede para levar para outros lugares, mas não encontrei um lugar tão lindo. Tem uma área que adquirimos em Alagoas, mas não dá para fazer um castelo.