No dia do anúncio do resultado trimestral da Petrobras, surgiu um documento da Polícia Federal que estima as perdas da estatal com pagamento de propinas em R$ 42,8 bilhões. Ao ser perguntado sobre o valor, o diretor financeiro da companhia, Ivan Monteiro, afirmou que o cálculo feito pela empresa no balanço de 2014 sobre o custo da corrupção, de R$ 6,2 bilhões, “está correto e não será alterado”. Segundo Monteiro, até agora a empresa não recebeu “informações adicionais” de qualquer fonte que justifiquem a reavaliação.
Mas a dança dos bilhões perdidos nas estripulias dos contratos superfaturados deixa qualquer brasileiro mareado, não só pela variedade de contas mas pelo tamanho das cifras envolvidas, mesmo que tudo na Petrobras seja superlativo.
Apesar de comunicar mais um prejuízo, de R$ 3,8 bilhões entre julho e setembro, o tom da diretoria foi quase ufanista. Monteiro relatou que existem US$ 25 bilhões em oferta de crédito sobre a mesa. O executivo pareceu deixar escapar a informação que o mercado esperava: não há como evitar uma renegociação da dívida da estatal, de R$ 507 bilhões, agora prevista para 2016.
Egresso do Banco do Brasil como o presidente da estatal, Aldemir Bendine, esse diretor domina operações financeiras. E Monteiro comparou a petroleira com um banco: não precisa ser dona dos ativos, como agências ou gasodutos, basta ter contratos que garantam a operação e a integração. Descontraído, projetou resultado positivo no ano e assegurou que, embora não tenha a “varinha mágica de Harry Potter”, vários processos farão com que a companhia melhore seus resultados.