Uma pilha de camisetas pretas chega a cada três ou quatro dias aqui na Redação: é mais uma leva de encomendas da campanha #DeixaElaTrabalhar. A minha, que visto com comprometimento à causa neste momento, chegou na segunda-feira e, na sexta, pedi para tirarmos a foto acima, com colegas de RBS TV, Rádio Gaúcha, Zero Hora e Diário Gaúcho. Inacreditável que, em 2018, tenhamos de fazer movimentos pelo direito de as mulheres trabalharem, sem serem desrespeitadas, insultadas, assediadas.
A ação começou em 25 de março, quando mais de 50 jornalistas esportivas de todo o Brasil lançaram um vídeo-manifesto expondo as agressões e o assédio a que são submetidas no exercício da profissão. Somente aqui na RBS, nas últimas semanas, as jornalistas Renata de Medeiros, da Gaúcha, e Kelly Costa, da RBS TV, foram insultadas enquanto trabalhavam em estádios, e Débora Ely, em uma manifestação em Passo Fundo.
Em poucos dias de campanha, a Renata já encomendou camisetas para jornalistas não só de veículos da RBS, mas também para Esporte Interativo, assessorias de Grêmio e de Inter, Guaíba, Rádio Gre-Nal, TVE, SBT, Rádio Galera, estudantes de Jornalismo. Um painel para debater o assunto foi realizado na Associação Riograndense de Imprensa.
O Grêmio já exibiu no telão da Arena o vídeo da campanha. O Inter deve passar neste domingo, no Beira-Rio, na estreia do Brasileirão. Todos os clubes da Série A postaram a campanha em suas redes. O movimento He for She, ligado à ONU, abraçou a causa e também lançou um vídeo, que você pode ver abaixo. O assunto se espalha e ganha força.
– Usamos a campanha #DeixaElaTrabalhar para dar visibilidade não só aos casos de assédio e violência contra as jornalistas que trabalham no Esporte, mas também aos casos contra mulheres em todo o mercado de trabalho – diz Renata, que, junto com Kelly e Alice Bastos Neves, apresentadora da RBS TV, é responsável pela campanha no Rio Grande do Sul.
A camiseta está à venda no site O Bairrista, que apoia a campanha.