Cada época tem uma revolução que reacomoda o mundo. Temos o privilégio de assistir à revolução digital. Como as outras, ela destrói empregos e cria outros. É desnecessário notar o quanto ela simplificou nossa vida e trouxe possibilidades nem sonhadas.
Mas nem tudo são flores. Como criadores e cobaias dessa revolução, desconhecíamos os efeitos prejudiciais. A expressão “demência digital” começa a ser usada por neurologistas e pesquisadores do cérebro. Referem-se a um declínio cognitivo advindo do uso de tecnologia digital.
Veja os efeitos disso na geração Z (nascidos depois de 1996). O QI dos filhos é inferior ao dos pais. Aumentaram os casos de depressão (50%), de suicídios que são mais precoces (entre 10 e 14 anos subiu 48%), além do incremento de casos de automutilação, ansiedade, fobia e pânico. Usam precocemente medicações psiquiátricas. São inábeis na comunicação. Tendem a ter pouca motivação, baixa resiliência e não lidam bem com a frustração.
Culpar apenas as telas é exagero. Existem as famílias e as escolas vocacionadas ao hedonismo. Mas são os primeiros a crescer com um smartphone na mão. Lembrem: todo novo território é um faroeste no início. A socialização nas redes sociais é selvagem, pois a criança é exposta a conteúdos e querelas adultas antes do tempo, especialmente temas sexuais.
A aprovação por “curtidas” cria obsessões por aceitação e autoestima. As pressões estéticas são esmagadoras, constituir uma imagem corporal, um drama. Os jovens vivem aterrorizados pela exposição nas redes, pelo cancelamento e pela humilhação pública.
Jogos eletrônicos substituíram brincadeiras de exploração do espaço. A pracinha não te dá estrelinhas e aplausos a cada passo. O reforço excessivo encanta a tela e desencanta o mundo. O desenvolvimento da inteligência, que depende da atividade corporal, empobreceu.
É impossível eliminar as telas, mas é possível limitar o uso. Sem proibir, para não atiçar o desejo. Dê o exemplo, se ficares mesmerizado com o celular, teu filho te imitará. Olhos postos na tela, os adultos ensinam, observam e amam menos. Isso também contribui para tantas fragilidades. Diga-me, você deixa seus pequenos nessa selva sozinhos?