Perdemos a esperança quando morre um policial. Entre tantas e tantas funções importantes pra sociedade – e todas as profissões têm sua própria relevância –, a de policial é diferente. São eles que representam, ostensivamente, que a nossa vida no mundo precisa seguir regras.
Eu aprendi desde criança a respeitar os policiais. Sempre tive adoração em ver aqueles homens e mulheres de farda quando eu ia no centro com a minha mãe. Uma vez me perdi e fui pedir ajuda justamente para um policial, que logo me levou, em segurança, até minha mãe.
Na nossa sociedade tão cheia de problemas, os policiais assumem o compromisso de inibir os crimes, reprimir a ação de bandidos e criminosos. Mas o mundo está cada vez mais doente. A notícia da morte do soldado Éverton Kirsch Júnior, de 31 anos, numa ocorrência envolvendo um homem que abriu fogo contra os policiais e a própria família, me fez chorar. Ele tinha acabado de ser pai, tinha praticamente a mesma idade que eu.
Como pode alguém sair de casa para trabalhar, ajudar a comunidade e acabar perdendo a vida? Eu fico sem acreditar. Vi a foto dele segurando o filho no colo na maternidade. Faz apenas 45 dias que esse cara viveu a grande alegria da vida dele e, nesta semana, morreu assim... Numa ocorrência que nem deveria ter existido.
Fiquei pensando muita coisa: como alguém tem tantas armas? Como alguém mata o próprio pai em surto? Como pode ter acontecido isso tudo aqui do lado, em Novo Hamburgo?
Nesse fato algo foge da lógica sobre o trabalho dos policiais. É porque a gente até espera que fatalidades como essa possam acontecer em casos de violência extrema, de briga de facções, de confronto com criminosos que assaltam bancos, de tiroteio em algum ataque a carro-forte. Mas numa ocorrência de um filho prendendo os próprios pais em casa? Poxa, não entra na minha cabeça.
Ainda bem que hoje em dia existem penas mais duras pra quem fere ou mata policiais em serviço. Esses homens e mulheres são heróis. Sem superpoderes, sem vidas extras. O salário não faz jus ao perigo.
Nos resta lamentar a morte do soldado Éverton. Mandar força pra família dele. Desejar que essa criança cresça sabendo que o pai merece ser lembrado pra sempre.
Obrigado, soldado.