Entra e sai ano, entra e sai técnico, e o goleiro da Seleção Brasileira não muda. Alisson já foi a duas Copas do Mundo, jogou como titular em ambas e não deixou saudades. Dorival Jr nos seus dois jogos de estreia usou o goleiro Bento, do Athletico-PR, porque Ederson, do Manchester City, e o ex-Inter, hoje no Liverpool, tiveram lesões.
O jovem foi muito bem. Aliás, vai bem desde que surgiu no Furacão. Sua venda para a Europa é uma questão de tempo. No Velho Continente, onde joga o Ederson — que já ganhou seis vezes a Premier League e uma vez a Champions. Sem falar que é, simplesmente, o goleiro do Guardiola. Tem tudo e mais um pouco para ser o titular nesse ciclo, mas as lesões nos últimos tempos estão atrapalhando sua trajetória na Seleção.
De volta aos amistosos de preparação para a Copa América, contra México e os Estados Unidos, Dorival não tem Ederson e optou por Alisson. A falha no gol dos norte-americanos é grave. Um goleiro que tem título de Premier League e Champions não pode levar aquele gol. O exercício é simples. Feche os olhos e imagine: o Courtois, belga do Real Madrid, levaria aquele gol? Claro que não.
Por vezes, mudar os móveis de lugar para criar uma novidade ou esvaziar o armário com doações de roupas que nunca usamos, além de ajudar quem precisa, é uma sábia atitude para renovar as energias na casa.
Taffarel só foi para a segunda Copa porque fez uma grandes atuações na primeira. No jogo que eliminou o Brasil, em 1990, na Itália, Maradona cobrou uma falta no ângulo e o ex-goleiro do Inter foi lá e buscou. Até o camisa dez argentino aplaudiu a defesa. Quatro anos depois foi herói na disputa de pênaltis que nos deu o tetra. Em mais quatro anos, na França, foi herói de novo na semifinal histórica contra a Holanda.
A Seleção não pode ter donos em nenhuma posição, e o sentimento do torcedor deve ser de confiança e não de impaciência. Nesta quarta-feira (12), depois do empate dos Estados Unidos, quem não recebeu uma mensagem ou leu o seguinte comentário em algum lugar: "Até quando o Alisson será titular?".
Cláudio André Taffarel, o maior goleiro da história do Brasil, é preparador de goleiros do Liverpool e também da Seleção. Ele, mais do que ninguém, sabe o potencial do seu guarda-redes. Isso é o fato. O lado ciência exata no futebol. Mas esse esporte não se faz apenas com o racional.
O futebol é, acima de tudo, emocional. A torcida, maior fonte de energia para um time, não aguenta mais ouvir a escalação que, entra ano e sai ano, entra técnico e sai técnico, sempre começa por Alisson.