Você provavelmente já passou pela experiência. Diante de sintomas desconhecidos, recorre ao Google na esperança de identificar um mal-estar. As combinações de resultados provavelmente o colocarão diante da iminência de um desenlace. O Google é um extraordinário depositário de conhecimento, mas ninguém que realmente precise de ajuda se tratará pela internet. O caminho óbvio e sensato é recorrer a um médico e, diante de algo potencialmente complexo, procurar um ou mais especialistas em busca de diagnóstico seguro e terapêutica apropriada.
Com informação é a mesma coisa. A web e as redes sociais em particular são abundantes em abordagens supostamente jornalísticas, mas boa parte do que está ali é embuste – o que na analogia da medicina se denominaria de charlatanismo. Se alguém quer ou precisa de informação séria e equilibrada e a mais precisa possível, o endereço do consultório informativo é o de veículos jornalísticos profissionais, caracterizados como aqueles que se organizam a partir de redações formadas por jornalistas que seguem princípios comuns à atividade. Entre eles, estão o de procurar a verdade, atestar a realidade e expor múltiplas visões, além de preservar conceitos éticos universais, como a proteção à fonte e a correção de equívocos.
Como os médicos na saúde, jornalistas têm limitações. Nem sempre estamos certos e por vezes cometemos erros de informação e julgamento. Também não formamos um corpo de virtudes idênticas. A exemplo da medicina, há jornalistas mais capazes e outros nem tanto, há os arrogantes e os meticulosos, os mais sensíveis e os mais durões. Os veículos de comunicação, aliás, são parecidos com hospitais: algum são centros de referência, outros precisariam de uma cirurgia na reputação, mas a grande maioria dos meios e jornalistas profissionais cumpre sua missão de tratar adequadamente fatos e fenômenos.
Mais do que nunca, o mundo precisa tanto de bons médicos e hospitais quanto de bons jornalistas e veículos. A epidemia de notícias falsas via Facebook é tão maligna, que centros de excelência jornalística estão experimentando um extraordinário surto de pacientes em busca de informação de qualidade. Veja-se o caso do The New York Times. Menos de um mês após a eleição de Donald Trump, o jornal incorporou mais 170 mil assinantes. É um grande alento, porque o antídoto para o surto de mentiras nas redes são doses cavalares de jornalismo de qualidade na veia do planeta.