Difícil de enxergar o futuro do país? Faça sua aposta e escolha um dos cenários abaixo:
Dilma fica - Diante do sucesso do governo em recuperar as ovelhas desgarradas, a oposição não consegue reunir 341 votos para o impeachment. A presidente sobrevive à primeira votação na Câmara e, com gestos conciliadores, tenta recompor a base. As cicatrizes da batalha pelo impeachment, porém, são profundas e Dilma, que nos melhores dias já tinha enormes desafios em fazer aprovar seus projetos no Congresso, precisa quitar a conta do apoio dos movimentos sociais. O governo troca de vez o ajuste fiscal pela gestão populista, amplia as benesses e desiste de encaminhar reformas destinadas a salvar o que resta da economia. A crise se aprofunda, juros e dólar disparam, a dívida pública sai de controle, o desemprego explode e a desolação toma conta dos mercados. Uma nova onda pelo impeachment, amparada no pedido da OAB e nas novas delações, ganha corpo. O restante do governo é um sobressalto atrás do outro.
Dilma sai - O impeachment passa nas duas casas do Congresso. Michel Temer anuncia um governo de pacificação e um ministério de notáveis. Com sua capacidade de negociação, o novo presidente emplaca algumas reformas no Congresso, mas logo enfrenta desconfiança generalizada pelo fisiologismo no preenchimento de cargos e levantes na própria base ao propor a retomada da CPMF, alegando que apenas os cortes de despesas não fornecerão o combustível para a economia crescer. O PT volta a ser o PT dos velhos tempos: obstrui votações, denuncia a tudo e a todos, exige o impeachment de Temer, comanda greves em setores estratégicos, e organiza ondas de protestos contra o novo governo, incluindo o fechamento de estradas. Administrando barganhas e imprensado pela falta de recursos, Temer governa com um sobressalto atrás do outro.
Dilma e Temer saem - Apeado do poder pelo impeachment, o PT se move pela desforra, decide tocar fogo às vestes e faz uma confissão de crimes eleitorais cometidos pela chapa Dilma/Temer. Diante das evidências, o TSE cassa o mandato de ambos no primeiro trimestre de 2017. O PT sai incinerado pela confissão e pelas delações, mas arrasta o máximo de ex-aliados para a cova política onde já jaz Eduardo Cunha. O Congresso escolhe um novo presidente, provavelmente algum sobrevivente do centro do espectro político. Fragilizado pela ausência de voto popular e pelo mandato-tampão, o futuro presidente gere uma máquina pública em frangalhos e um país perplexo pelas mudanças constantes. Entre um sobressalto e outro, tenta conduzir o país até as eleições de 2018.
Nenhuma alternativa acima - Semipresidencialismo, parlamentarismo, renúncia, novas eleições ou o que mais? No Brasil onde tudo é possível, nem o impensável pode ser mais considerado surpresa.
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