Em um resumo singelo, jornalismo é a arte de tornar o interessante em importante e o importante em interessante. Boas peças de jornalismo extraem do futebol bem mais do que um lazer fugaz, enquanto identificam nas intricadas conexões jurídicas de uma Operação Lava-Jato incontáveis dramas humanos e jogos de poder e dinheiro.
Nas últimas décadas, publicações que navegam com segurança pelos mares da revolução digital se aperfeiçoaram em detectar temas mundanos ou complexos, revesti-los de significado e transpô-los ao público de forma atraente com o sentido de auxiliar a sociedade a se conhecer melhor. Dois ícones da comunicação mundial - The New York Times e The Economist - exemplificam com números e sucesso empresarial como esse jornalismo que vai muito além da notícia é valorizado por um público ávido por saber não apenas o que ocorreu, mas sobretudo como e por que, além de quais as possíveis consequências de um fato ou fenômeno.
Esse jornalismo em outro patamar não se limita a divulgar um assunto de domínio público: ele o examina de diferentes ângulos, o revira de cabeça para baixo para decantar o que é verdade ou não, envereda sob a linha da superfície e percorre caminhos iluminados por precisão, ética e independência editoriais.
A superedição de Zero Hora que chega às nossas mãos neste fim de semana é concebida para ser o extrato de um jornalismo que deixa cada vez mais para trás a mera descrição de um fato transcorrido no dia anterior. Há muitos anos, gerações de jornalistas de ZH vêm buscando levar ao leitor, seja no papel ou nas versões digitais, informação, opinião e análise diferenciadas, encontradas apenas sob a marca do jornal. Por trás deste esforço, está a crença de que só tem valor o conteúdo exclusivo e revestido por uma marca de credibilidade: o que é abundante e exala pouca confiabilidade acaba descartado e esquecido.
O jornalismo perseguido por ZH se subdivide em muitas e renovadas correntes informativas. Ele se caracteriza, por exemplo, como jornalismo antecipatório, que procura apresentar ao leitor o que será notícia em outros meios. A capa de ZH de quarta-feira passada é uma boa amostra dessa tendência: os três elementos da capa - o show dos Stones, a partida entre Grêmio e LDU e o julgamento do STF envolvendo Eduardo Cunha - tratavam de temas que ainda não tinham acontecido e serviam de guia para o que seria coberto ao longo do dia.
ZH também se especializa no jornalismo explicativo, especialmente por meio de colunas e comentários, no qual analistas fazem as conexões entre fatos e os traduzem para o leitor. Ou no jornalismo interpretativo, simbolizado diariamente há mais de duas décadas pela Reportagem Especial que abre o jornal e aprofunda assuntos. Ou ainda no chamado jornalismo literário, com reportagens extensas e textos, imagens e design de altíssima qualidade, e no jornalismo de serviço, que orienta o leitor para tomar as decisões mais acertadas no seu dia a dia. Há muitas outras modalidades, mas em ZH, como demonstra esta superedição, todas se conjugam para se materializar em um jornalismo essencial que colabore, conforme nosso propósito na RBS, a transformar positivamente a sociedade.
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