Obcecada pela segurança e pela prevenção de falhas, uma Alemanha perplexa foi confrontada logo ao amanhecer com a notícia do incompreensível choque frontal entre dois trens em Bad Aibling, uma idílica estação termal na Baviera, que deixou pelo menos 10 mortos e 100 feridos. A Alemanha que não admite erros, porém, se recuperou imediatamente após o acidente, que ocorreu às 6h48min (3h48min em Brasília), quando muitos profissionais e estudantes que moram em cidades perto de Munique faziam o caminho para o trabalho e estudos. Apenas cinco minutos depois do choque, entrou em marcha uma impressionante operação de resgate, plenamente coordenada entre bombeiros, policiais, médicos e socorristas.
Apesar de a batida ter acontecido na travessia de um bosque, no trecho considerado de acesso mais difícil em toda a linha, os primeiros bombeiros chegaram em oito minutos, às 6h56min. Antes de o sol nascer, oito helicópteros, alguns deslocados da prontidão permanente a esquiadores feridos nos Alpes, já recolhiam mortos e feridos. No meio da manhã, uma esquadrilha de 15 helicópteros prestava atendimento, além de lanchas que circulavam pelo canal ao longo da linha e centenas de veículos que circulavam pelas estradas fechadas ao trânsito normal.
Nestas horas, a mais poderosa economia da Europa demonstra como concilia sua fartura material com a cultura dos planos metódicos. Quando o último ferido foi retirado das ferragens, menos de quatro após o acidente, trabalhavam em sincronia no local cerca de 250 bombeiros, 250 médicos, enfermeiros e socorristas, além de 130 policiais estaduais e 50 federais.
Leia mais
Trem com 200 mil litros de ácido sulfúrico descarrila na Austrália
Acidente de trem deixa ao menos nove mortos e cem feridos no Paquistão
Em muitas cidades da região, as festas bávaras pela terça-feira de Carnaval foram canceladas e deram lugar a uma mobilização como não se via há muito tempo no país. No meio da tarde, a polícia pediu para que doadores de sangue não se dirigissem mais aos hospitais - muitos corredores ficaram lotados de voluntários. O dia do acidente que abalou os alemães também trouxe à tona uma tradicional cautela, sem dedos apontados para culpados de modo prematuro, embora a suspeita seja de quem um maquinista não tenha respeitado um sinal vermelho. Os alemães também não se queixavam da omissão de autoridades. Além de a chanceler Angela Merkel ter ido para a TV, o ministro dos Transportes, Alexander Dobrint, chegou logo cedo ao local da tragédia, ecoando o pesar de toda a Alemanha.