O Império Contra-Ataca era o melhor filme da saga Star Wars. Era. Até hoje. Esse trono acabou. Todo reinado tem um fim, todo rei é decapitado ou ferido por um sabre de luz. Os Últimos Jedi é respeito puro aos milhões de fãs, que estão a atravessar a quinta década de paixão pela maior série de filmes desse tipo na indústria americana.
Esse tipo? Sim. Star Wars deixou bem marcado – depois de todo faroeste ianque que adorava dizer para a gente que índios eram malvados com suas flechas – que existe um mocinho e um malvado. Redefiniu isso com expressões como "o lado negro da força". Mas esse último sacode com essa lógica. Só no Facebook todo mundo ou é ruim ou bom, conforme os valores e a lógica de quem lê os textões. Os Últimos Jedi mistura esse sentimento, revela algo mais "vida real", porque todo mundo tem um pouco de malvado e mocinho.
As cenas de ação são obras, os personagens velhos continuam fortes, os novos não precisam mais ser apresentados porque em 2015 foram, com O Despertar da Força, e, por isso, agora distribuem diálogos pesados ou engraçados, sempre bem amarrados. Rey – a menina – é girl power sem bandeira, é charme puro, a "força" sempre está com ela. Kylo Ren, o mais recente grande vilão da franquia, é complexo e destrói qualquer saudade do outro maior malvado da história do cinema e das festas à fantasia: Darth Vader.
Os Últimos Jedi renova o filão que a própria saga Star Wars criou. O inventor teve que se reinventar. Depois dos fiasquentos episódios I, II e III – na ordem numérica da trama – o VII e esse VIII são obras impressionantes de um tipo de cinema que não serve apenas para acompanhar comendo pipoca e tomando refrigerantes em copos gigantes.
Dá para pensar, perder o fôlego com cenas sensacionais e até chorar com tamanho brilho. O que você está fazendo aqui, ainda lendo esse texto, e não está vestido de Jedi entrando numa sala de cinema? Vá logo. E, desculpe o clichê, que a força esteja com você.