A primeira etapa do jogo do Grêmio contra o Palmeiras foi assustadora. Coletivamente, o time de Renato Portaluppi não funcionou. Tirando Vanderlei, o restante dos jogadores teve uma atuação muito abaixo no mínimo.
A equipe demonstrou uma apatia preocupante. Desligamento completo. Não conseguir marcar e teve grandes dificuldades de criar e atacar. O Verdão fez o que quis — só não empilhou gols porque parou na trave e nas defesas do goleiro gremista.
É extremamente injusto, mas um jogador em especial fica no foco das críticas quando o desempenho do Tricolor não vai bem. Penso ser uma baita injustiça, porque quando há um fiasco geral, não há como crucificar apenas alguma peça da engrenagem. Mesmo assim, penso ser importante analisarmos o atleta que pode ser o avalista do bom desempenho. Precisamos falar de Jean Pyerre.
Aqui em GZH, desde o surgimento do meia, não foram poucas as vezes que escrevi colunas enaltecendo a qualidade e a importância do camisa 10 na vida do Grêmio. Além disso, sempre fiz questão de elogiar a postura de Jean Pyerre fora dos gramados. Um guri antenado em questões sociais importantes, como o combate veemente ao racismo e a ajuda aos necessitados em tempos de dificuldades pela pandemia.
JP10 passou por uma grave lesão muscular na reta final de 2019, já superada. Passou ainda por problemas particulares e com a saúde do pai, em tempos de covid-19. Felizmente, páginas viradas.
Mas o guri, agora, tem um desafio importante: comprovar em campo tudo o que se espera dele. É consenso que Jean Pyerre tem todas as ferramentas para ser um craque de bola. Jogador de ponta, com potencial de vestir a camisa amarela da Seleção Brasileira e, em breve, fazer uma carreira de sucesso no futebol europeu. O ex-jogador e comentarista Tostão não se cansa de destacar as virtudes do gremista.
Estilo clássico, grande qualidade técnica e chute forte. Só que é preciso mais. O armador precisa entrar focado em campo. Mentalizar a sua importância, crescer nos jogos decisivos. Os momentos de desligamento tem sido recorrentes e prejudiciais ao desempenho.
É hora de acordar e assumir o protagonismo. Ninguém cobra de quem não tem qualidade. E isso, ele tem de sobra. Mas Jean Pyerre não será craque por decreto.