Vamos analisar a questão com toda a calma necessária. Por tudo que estamos vivendo, é compreensível a manifestação do governador Eduardo Leite de que o futebol não é prioridade. A batalha contra o coronavírus está longe de ser vencida. A região de Porto Alegre tem apresentado um aumento substancial no número de casos de pessoas contaminadas. Por tudo isso, concordo que o momento atual ainda não seja o ideal para voltar o futebol. Um passo de cada vez.
Porém, vendo a questão por outro viés, é legítimo o pensamento do Grêmio de querer ir treinar em uma cidade onde estejam liberados os trabalhos coletivos com bola.
Ficou claro que está estabelecida uma queda de braço entre o clube e o governo estadual. A paciência do presidente Romildo Bolzan Júnior se esgotou.
A CBF já trabalha com o prazo de retorno do Brasileiro em 9 de agosto. O Gauchão está sendo gestado pela FGF para retornar a partir de 16 de julho. Acredito que será possível retornar somente mais à frente, até mesmo com uma provável colisão de datas.
Repito o que já escrevi aqui na coluna: é preciso avançar além dos treinamentos físicos, que já completam oito semanas. O Tricolor deu mostras suficientes de que tem um protocolo sanitário rigoroso, com cuidados extremos. Não consigo imaginar que o clube colocaria seus profissionais em risco a qualquer custo. Por isso, já poderia estar realizando treinamentos com contato.
Os atletas e funcionários envolvidos no CT Luiz Carvalho são testados de forma constante. Nenhum caso de contaminação foi diagnosticado no Grêmio. Penso que o Inter também deveria ter a mesma liberação, porque faz um trabalho igual. Não é de se duvidar que o Colorado adote a mesma medida. A opção gremista de rumar para Criciúma é um direito de quem cumpre todos os protocolos.
A atitude gremista seria desnecessária se o governo estadual analisasse com um pouco mais de critério a situação específica do futebol. E repito: nem falo nos jogos em si. Mas liberar os treinamentos. Qual é o problema de fazer isso?
A recente visita aos treinos da dupla Gre-Nal pelo secretário de esportes, Francisco Vargas, não teve nenhum efeito prático. Todos os elogios realizados foram palavras ao vento. Ainda acredito que todas as partes chegarão a um denominador comum.