O futebol brasileiro perdeu um revolucionário. Rubens Francisco Minelli nos deixou nesta quinta-feira (23), aos 94 anos. Há algumas figuras que precisavam ser eternas em sua área de ação. Minelli é uma delas. Suas ideias no futebol dos anos 1970 são atuais hoje. Os conceitos de um jogo intenso, de marcação alta, de retomada da bola no ataque, de jogadores que aliassem a qualidade técnica com um biotipo de atleta. Tudo o que cobramos nos dias atuais, Minelli já aplicava em seus times há cinco décadas.
O Inter de 1974, seu primeiro ano no Beira-Rio, foi o time que conquistou o Gauchão vencendo todos os jogos. O de 1975 e 1976, com ideias do Barcelona capitaneado por Cruyff, engatou o bi brasileiro em 1975 e 1976. Minelli ainda levaria o São Paulo ao título nacional em 1977. Tricampeão brasileiro e, mesmo assim, não foi ele o escolhido para comandar a Seleção Brasileira na Copa de 1978, na Argentina. Uma das maiores injustiças do nosso futebol. Embora Cláudio Coutinho fosse um estudioso do futebol também, o momento era de Minelli.
Ele ainda voltaria ao Rio Grande do Sul, nos anos 1980. Comandou o Grêmio em 1985 e em 1988/1989. Também teve passagem exitosa pelo futebol paranaense, por Paraná e Coritiba, e se aposentou no final dos anos 1990.
Dedicou-se à família, aos netos e curtiu cada dia da sua merecida aposentadoria, dividido entre São Paulo e o sítio no Interior, em que passava finais de semana. Seguia acompanhando o futebol e não se furtava de parar para nos atender e falar sobre.
Fiz com Minelli duas ou três entrevistas, com ele no sítio. Falar de futebol com ele era um privilégio. Uma pena termos perdido essa cabeça privilegiada. Sua obra, no entanto, segue. Suas ideias, aliás, estão cristalizadas e atuais ainda hoje, em um jogo de transição, de marcação alta e, claro, de pura qualidade técnica.