O Paraguai está fora da Copa desde 2010, quando caiu nas quartas para a Espanha, a campeã. Ali, se encerrou uma geração que deixou um vácuo na seleção. Antes dela, em 1998 e em 2002, Gamarra, Arce, Enciso e Ayala haviam levado o país a fazer um grande papel.
Com a saída desses referentes, Roque Santa Cruz e José Cardozo assumiram o bastão. Estava em 2002 e foi a referência em uma seleção com Haedo Valdez, Morel Rodríguez, Justo Villar, Riveros e Alcaráz. Porém, essa seleção, comandada por Tata Martino, viu seu prazo de validade vencer. O inverno foi longo.
Entre 2011 e 2021, foram sete técnicos: Arce, em duas oportunidades, Gerardo Pelusso, Víctor Genes, Ramón Díaz, Gustavo Morínigo, Juan Carlos Osorio e Eduardo Berizzo. O que chegou mais perto da Copa foi Arce, que perdeu a vaga para a Rússia ao tropeçar contra a Venezuela, em casa. Berizzo fracassou.
Mesmo com jogos pela frente na última Eliminatória, a Associação Paraguaia de Futebol decidiu antecipar o ciclo para 2026, de olho na expansão das vagas, e buscou na Argentina Guillhermo Barros Schelotto. É ele quem implementa essa renovação, cujo um dos pilares é o gremista Villasanti. Para a estreia, contra o Peru, em Ciudad del Este, são oito estreantes em Eliminatórias. Veja um pouco desse novo Paraguai
Os ingleses
Desde a geração de Gamarra, Ayala, Arce e Enciso, o Paraguai não contava com tantas individualidades. A zaga tem Gustavo Gómez e Balbuena, além de Robert Rojas, que acaba de trocar o River pelo Tigre (o pênalti perdido no Beira-Rio acelerou a saída). Porém, são os meias e atacantes que embalam o sonho paraguaio.
Almirón, 29, é um dos principais nomes do, agora, milionário e saudita Newcastle. No Brighton, está Julio Enciso, 19 anos e que parece nem ter sentido a troca do Libertad pela Premier League. Há ainda o corintiano Rojas, 27 anos, destaque até julho no Racing.
Diego Gómez, 20 anos, acaba de trocar o Libertad para jogar com Messi no Inter Miami. Ramón Sosa, 24 anos, tem sido destaque no Talleres argentino. O surgimento de tantas caras novas está longe de ser coincidência. Em 2015, a APF decretou que os times deveriam, no campeonato nacional, somar 800 minutos com jogadores sub-18. A determinação acabou suspensa e voltou a vigorar neste ano.
O brasileiro
Além de fazer trabalho interno, estimulando escalação de jovens com menos de 18 anos, a APF também faz trabalho atrás de descendentes de paraguaios pelo mundo. Mauricio, do Inter, é filho de um paraguaio e tem, portanto, dupla nacionalidade.
Nesta estreia, é bem provável que Schelotto escale um que topou o convite recusado por Mauricio. Trata-se do goleiro brasileiro Carlos Coronel, 26 anos. Sul-matogrossense de Porto Murtinho, na fronteira, é filho de paraguaia. Começou a carreira no RB Brasil. De lá, foi para o RB Salzburg e rodou por empréstimo. Hoje, atua com Elias no RB New York e só há alguns meses encaminhou a dupla cidadania.
Na última data Fifa, Schelotto havia chamado o lateral-direito argentino Juán Cáceres, formado no Racing e que estava no Lanús. Ele é filho de mãe paraguaia, mas nascido em Avellaneda.
O novo Gamarra
Eu, se fosse dirigente de clube brasileiro, já teria desembarcado em Assunção para buscar o novo Gamarra paraguaio. Mateo, 22 anos, mostrou virtudes e, principalmente, liderança nos confrontos do Olimpia com Flamengo e Fluminense. É canhoto, tem 1m80cm e grande potencial de crescimento.
O Palmeiras já o colocou em seu radar. Abriu, inclusive, conversas com o Olimpia. Seria ele o sucesso de Gustavo Gómez, cujo futebol está na mira dos milionários sauditas. Na Seleção, com Balbuena, Gómez e Rojas, ele só entraria numa ideia com três zagueiros. Mas podem apostar, o novo Gamarra é cheque ao portador.