O Grêmio teve uma atuação assustadora e criou um constrangimento que seu torcedor não merecia na véspera de comemorar os 120 anos de vida do clube. Levou 2 a 0 do Bragantino, em Bragança Paulista, e teve de se dar por satisfeito. Poderia ter sido mais e bem pior.
Isso porque houve erros em todos os contextos: individuais, com perdas de chances de gols diante do goleiro, como nos casos de Suárez e Reinaldo, coletivos, com o time sendo envolvido pelo adversário o tempo todo, técnicos, com tomadas de decisões erradas, como as de João Pedro e Grando, nos gols, e as de Renato ao tentar mudar um time que teve comportamento apático.
No intervalo, ele tirou Carballo e João Pedro Galvão para colocar André mais próximo de Suárez e Galdino pelo corredor direito. O time ficou desequilibrado e seguiu sem encontrar o Bragantino em campo. Helinho, pela direita, Capixaba atuando como um meia e Vitinho na esquerda seguiam livres e criando perigo.
Na metade do segundo tempo, ele colocou Ferreira e, depois, Iturbe, nos lugares de Cristaldo e Pepê. Villasanti ficou como único meio-campista de origem. A partir dele e Galdino, que recuou, se formou uma linha de quatro atacantes. Faltava quem levasse a bola para eles.
Villasanti, recém-chegado da Venezuela, se virava como podia. Assim, o Grêmio ficou sem conexão alguma, e o jogo ganhou ares de treino para o Bragantino, que trocou passes e até motivou gritos de "olé" de sua torcida.
Assim, a noite terminou de forma constrangedora e com preocupações para a torcida. O Grêmio da Arena não consegue se repetir longe dela. Há uma sucessão de jogos com atuações abaixo da média, como foram os contra Vasco, Santos, Goiás e repetiu-se agora contra o Bragantino.
A noite que era de esperança para encurtar, pelo menos até sábado, a distância para o Botafogo teve efeito contrário, de choque de realidade. Com uma campanha em que mostra personalidades distintas em casa e fora, até mesmo o sonho de uma vaga direta na Libertadores fica comprometido. Até porque ainda virão mais nove partidas como visitante até o final do Brasileirão no universo de 16 partidas restantes.
No caso da partida em Bragança, espanta a falta de futebol principalmente pelo fato de o time ter voltado de uma parada de 10 dias no Brasileirão. Renato concedeu folga de quatro dias para os jogadores e retomou os trabalhos na última sexta-feira. Ele alegou que a chuva o impediu de levar todos ao campo em algumas sessões e de que foi preciso fazer trabalho na academia.
Porém, é inexplicável que, depois de tantos dias, tenha faltado uma estratégia para bloquear um adversário que, é sabido, joga com transição rápida, ponteiros insinuantes e marcação alta na saída de bola. Na segunda-feira, será o Corinthians, em São Paulo. Uma chance de dar uma resposta rápida e mostrar que a noite em Bragança foi um acaso.