A notícia de que Messi e seu Inter Miami podem jogar, como convidados, a Libertadores de 2024, fez ressurgir debate sobre a abrangência da competição a clubes das Américas Central e do Norte. Sobretudo, promovendo volta dos mexicanos e entrada dos norte-americanos.
Esses dois mercados estão, evidentemente, na mira da Conmebol. Assim como a tradição e as camisas de clubes da América do Sul estão no horizonte da Concacaf. O que de fato temos até o momento é que as duas confederações acordaram a retomada da Copa Interamericana.
A competição foi disputada entre 1968 e 1998, com algumas interrupções. Era o confronto do campeão da Libertadores contra o campeão da Concachampions.
A disputa perdeu força depois que São Paulo, em 1993, e Grêmio, em 1995, declinaram da disputa e cederam a vaga para os vices. O último campeão foi o DC United, que ganhou do Vasco. Como os mexicanos passaram a disputar a Libertadores em 1998, a competição foi deixada de lado.
O novo formato
Conmebol e Concacaf definiram que a Interamericana será retomada em 2024 com quatro clubes. Serão convidados os campeões da Libertadores e da Sul-Americana, pela América do Sul, e da Concachampions, o León, e da Leagues Cup, pela Concacaf.
É daqui que veio a informação distorcida de que o Inter Miami seria convidado a jogar a Libertadores em 2024. Messi e seu time gerido por Beckham podem, isso, sim, jogar a nova versão da Interamericana. Neste sábado, o Inter Miami enfrenta o Nashville pelo título da Leagues Cup. O jogo será no Tennessee, na casa do Nashville.
Esta é a primeira edição da competição. Ela reuniu os 18 clubes da Liga MX e os 29 da MLS (aqui incluídos times canadenses). Inicialmente, eles foram divididos em 15 grupos regionalizados de três clubes. Nessa fase, cada time disputaria dois jogos.
Em caso de empate, cada equipe levaria um ponto e outro extra seria decidido nos pênaltis. Os 30 classificados, mais o LAFC e o Pachuca, iniciaram a fase de matas, que culminou na final deste sábado. Para valorizar a competição, o campeão e o vice estão garantidos na Concachampions. Ou seja, o Inter Miami garantiu para 2024 uma competição continental.
O novo chefe
A Copa de 2026 e a eliminação precoce no Catar, aliada às ausências na Olimpíada de 2024, no Mundial Sub-20 e na Copa do Mundo Feminina, fazem o futebol mexicano passar por uma revolução em seu comando.
Os donos dos clubes da Liga MX elegeram Juan Carlos Rodríguez para ser o "comisionado" do futebol mexicano, reproduzindo um organograma adotado por NBA, NFL e MLB. La Bomba, como é chamado, está acima do presidente da Liga MX e da FMF, responsável pelas seleções.
Ex-homem forte do esporte da Televisa, principal rede de TV mexicana e dona do América e do Estádio Azteca, La Bomba tem em seu currículo a presidência da Univision, canal a cabo de esportes, e a fusão dela com a Televisa Deportes, criando a TUDN. Em 1986, como responsável da Adidas no México, teve participação direta na organização da Copa do Mundo.
Olho no Sul
La Bomba Rodríguez, em julho, deixou clara sua disposição de que os clubes mexicanos voltem a disputar a Libertadores e a Sul-Americana, como fizeram entre 1998 e 2016. Em declaração à imprensa, disse que aceitaria, inclusive, rever o calendário do futebol mexicano para que os clubes possam retornar à competição.
La Bomba só fez a exigência de que os mexicanos tenham os mesmos direitos, como garantir vaga no Mundial caso sejam campeões. A saída das disputas da Conmebol se deu em 2017, pouco antes de iniciar a temporada, devido à mudança no calendário, que adequou Libertadores e Sul-Americana ao calendário de ano inteiro do Brasil.
Há um duplo interesse dos astecas. Primeiro, ele é técnico. Há consenso de que os clubes mexicanos, embora endinheirados e com salários de nível europeu, acabam sem grandes enfrentamentos na Concacaf. A segunda razão, claro, é econômica, com ampliação de mercado e mais vendas de pacotes de TV.