Há, no futebol brasileiro, alguns dogmas que acabam se estabelecendo e viram verdades absolutas. Um deles é de que o sistema com três zagueiros deixa um time defensivo. Um zagueiro a mais, claro, mais marcadores, raciocinam os apressados. No fundo, a ideia de começar o time com um trio defensivo tem o efeito contrário.
O problema é que, aqui nos trópicos, na maioria das vezes, apenas se acresceu um jogador a mais na linha defensiva, sem mexer no restante da estrutura do tradicional 4-4-2 adotado aqui. Assim, claro, o time fica mais robusto atrás e menos presente na frente.
O que Renato faz neste "Plano C" do seu Grêmio é usar todas as potencialidades que esse sistema oferece. O trio à frente de Grando permite que os laterais avancem e estejam mais próximos de suas características. Pelo meio, Renato tem dois jogadores de dinâmica tanto para atacar quanto para marcar. Villasanti, principalmente, se encaixa bem nesse perfil.
Na frente, Suárez já não é mais uma ilha. Bitello e Cristaldo estão próximos. Não só eles. O time todo avançou em bloco e passou a jogar em 60, 70 metros. As linhas mais adiantadas estão, também, mais próximas. O que faz com que jogadores de menor intensidade, como Cristaldo e Suárez, precisem cumprir menos campo para chegar à zona de finalização.
Há, é claro, algumas armadilhas para as quais Renato precisará estar atento no Mineirão. Bruno Uvini e, principalmente, Kannemann estão saindo mais para a caça, jogando mais projetados. O que exigirá do time uma busca pela retomada rápida da bola.
O Cruzeiro tem como característica principal o jogo vertical, de transição rápida, em que procura chegar ao ataque com poucos toques. Bruno Rodrigues, principalmente, e Wesley são as setas apontadas sempre para a frente. Além deles, há Gilberto, um centroavante de movimentação. Ou seja, o Grêmio dos três zagueiros precisará marcar forte lá na frente. O que, aliás, derruba a ideia de que eles deixam o time defensivo.