O adversário do Inter é mais um dos tantos clubes-empresas que pipocam no interior do Brasil. É um caso de sucesso até. Fundado em 2012 e registrado na Federação Potiguar no começo de 2013, levou oito anos para conquistar seu primeiro título estadual. Tudo foi muito rápido na vida do clube.
Em um ano, estava na primeira divisão potiguar, em dois, na Copa do Brasil, em três na Copa do Nordeste, em cinco, na Série C. Neste momento, o Globo FC defende o título Estadual com dificuldades e busca uma vaga nas quartas de final da Copa do Nordeste, na qual apenas na última rodada venceu o primeiro jogo (1 a 0 no Altos-PI). Aliás, vitória virou algo raro nesta temporada. São apenas três — o mesmo número de técnicos que o time teve em 2022. Mas que clube é esse que espera o Inter?
Construído do zero
O Globo FC foi fundado em 2012 pelo empresário da construção civil Marconi Praxedes Barreto. O curioso é que Barreto nem era um fã de futebol. Fez sua vida nos Estados Unidos, onde morou por 25 anos e criou seus filhos. Quando voltou ao Brasil, decidiu-se por fundar um clube. Porém, seu projeto estava, claro, vinculado à construção civil.
Em Ceará Mirim, na área metropolitana de Natal, Barreto construiu em sete meses um estádio para 10 mil pessoas e um CT para abrigar a base e o time principal. No entorno dos dois projetos, ergueu uma minicidade com 6 mil casas. O plano era fazer com que seu time fosse o coração do negócio imobiliário que alavancava.
Inspirado na TV
Faltava um nome e uma identidade para o clube. A inspiração veio em duas referências, Roberto Marinho e a Alemanha. O primeiro foi a razão do nome de batismo do clube. Marconi era admirador do império da comunicação erguido por Marinho. Em entrevista ao site Uol, ele disse que a ousadia e a visão diferente de negócios do fundador da Rede Globo o impressionavam. Faltava definir as cores e o uniforme.
Marconi não teve dúvidas: vermelho, amarelo e preto, em alusão à Alemanha, cuja organização e a disciplina o encantavam e serviam de norte nos seus negócios nos EUA. O escudo tem uma águia, por ser uma ave que enxerga longe. Aliás, no futebol nordestino, o Globo atende por "Águia de Ceará Mirim".
Investimento alto
O empresário estima ter investido R$ 200 milhões em seu projeto. Foram R$ 10 milhões no estádio, R$ 10 milhões no CT e os outros R$ 180 milhões nas seis mil casas, que formariam ali uma mini-cidade de 25 mil pessoas. O CT do Globo é estruturado e abriga as categorias de base e o time profissional.
O estádio foi usado pelo América-RN enquanto a Arena das Dunas era reformada. Leva o nome de Manoel Dantas Barreto, em homenagem ao pai de Marconi. Mas é conhecido pelos torcedores como Barretão.
Cadeira elétrica
Jaelson Marcolino assumiu o time no último dia 21. Ele é o terceiro técnico do Globo neste ano. Antes dele, o clube teve Higo Chacon, técnico campeão estadual em 2021 e que estava havia quase um ano no cargo, e Romildo Freire, que ficou apenas um mês no cargo e saiu depois de desentendimento com Marconi. Mas não foi com nenhum dos técnicos a única vitória na Copa do Nordeste.
No 1 a 0 sobre o Altos, quem estava no comando era o ex-zagueiro Geilson Santos, como interino. Mas, dois dias depois da vitória, ele e o restante da comissão foram demitidos. Jaelson tem rodagem no futebol do Nordeste. Comandou o CSE-AL, Campinense-PB, ASA-AL, Coruripe-AL, Lagarto-SE, Jacyobá-AL e Itabaiana-SE. Com ele, o Globo tenta decolar no Estadual. No primeiro turno, na Copa Cidade de Natal, acabou em sétimo (são oito clubes). No returno, Copa RN, é o quinto, com um uma vitória em dois jogos.