O Juventude começa o Gauchão 2022 com status diferente e que remete aos anos de luxo do final da década de 1990, quando estava firme na Série A do Brasileirão e montava times com o selo de investimento da Parmalat. A queda do Grêmio fez dos caxienses um dos dois gaúchos na elite. Mas não é só isso que dá status de candidato ao título ao Juventude. O clube elevou seu investimento para 2022 e manteve 13 jogadores da temporada passada. Por isso, a coluna foi conversar com o presidente Walter Dal Zotto Jr. Confira.
O Juventude manteve 13 jogadores do grupo de 2021. Manter uma base era a estratégia?
Nos anteriores, vínhamos de acessos e isso fazia com que buscássemos troca na fotografia, com busca de jogadores com o perfil da nova Série. Com a permanência na primeira divisão, tínhamos ideia de manter a espinha dorsal. Sabíamos que alguns jogadores sairiam, por força de contrato, como Vitor Mendes e Castilho, que voltaram ao Atlético-MG, e outros por valorização, como o Sorriso. O que nos tranquiliza é que estamos repondo no mesmo nível. Fizemos investimentos maiores do que estávamos acostumados em começo de temporada, visando não só o Gauchão, mas também a Copa do Brasil. Ainda estamos no mercado, buscando alternativas para qualificar o grupo.
Quantos jogadores mais o Juventude busca?
Dependerá da oportunidade de negócio. Precisamos de meio-campo, talvez um meia. Extremas, precisamos de um, com certeza, talvez venham dois, já que tivemos a saída do Sorriso para o Bragantino.
O que significou permanecer na Série A para essa recuperação do Juventude?
Esse é um trabalho que se iniciou lá atrás, com o presidente Roberto Tonietto. Na época, fui chamado para fazer parte da diretoria e, depois, com o licenciamento dele, assumi o clube. Estamos dando sequência firme a esse trabalho. Solucionamos muitas questões em 2021, a Série A tem demandas que nós nem imaginávamos. Elas apareceram, e o Juventude foi resolvendo. Fizemos um investimento maior no grupo neste início de temporada.
Em 2021, o clube fez melhorias no Alfredo Jaconi. Mas tinha planos de, enfim, ter uma estrutura no CT. Será possível em 2022?
Concluímos o orçamento na semana passada e estamos detalhando algumas questões. O investimento maior no CT seria a construção de um prédio de 1,5 mil metros quadrados que permitiria aos jogadores se apresentarem diretamente lá. Esse é um projeto que vamos tentar executar através de recursos obtidos via leis de incentivo. No fim de novembro, conseguimos nossa negativa de impostos, o que nos permite buscar essas receitas. Estamos trabalhando nesse projeto agora.
E no estádio?
As melhorias no estádio seguem, com fôlego próprio. Nosso vestiário foi ampliado e todo reformado. Nas primeiras rodadas, ainda improvisaremos, mas a obra estará pronta até o final de fevereiro, será entregue com os novos refeitório e academia, instalados no piso superior. Assim, concluímos as melhorias estruturais no Jaconi. Vamos ainda colocar novas cadeiras, instalar outras na área das sociais e seguir na troca do alambrado por vidro.
A estrutura no CT é fundamental, ainda mais pela qualidade da formação. A venda do Sorriso foi um recado ao mercado de que a base segue forte?
Temos um trabalho que se iniciará na base. O Eduardo Barros, que era assistente do Marquinhos e seguiu com o Jair Ventura, será o head coach da base. Assumirá todas as categorias, o plano é fazer um trabalho mais científico, mais profissional. O retorno disso é lento, demora dois, três anos, mas esse é um trabalho que precisa ser feito, para que tenhamos mais atletas feitos em casa no time. Precisamos de mais Sorrisos.
O Juventude pode ter um novo Sorriso nesta temporada?
Temos já quatro garotos integrados ao grupo principal e que devem seguir neste ano. São eles o William, goleiro, o Nicolas, lateral-direito que esteve na Copa SP, o Dudu, lateral-esquerdo, e o Kelvi, volante. Temos muita expectativa de que se consolidem neste ano.
Jair Ventura chegou em momento delicado e deu resposta imediata. Qual a projeção para este ano, com mais tempo de trabalho?
Esse encontro veio em um momento importante do clube, tanto do Juventude para o Jair quanto vice-versa. Houve um casamento muito positivo, a filosofia dele casou muito com a nossa. Ele olha muito para a base, o trabalho que precisamos desenvolver lá, o Jair conhece e sabe. Trata-se de um profissional transparente, aberto ao diálogo, de fino trato. Ele se encaixou muito bem no perfil do clube.
O cenário atual, com Grêmio na Série B, e Inter mudando técnico e ideia de jogo, pode abrir o flanco para um time do Interior levar o Gauchão?
Existe um hiato muito grande entre os clubes da Capital e os do Interior. O Juventude deve ser uma exceção, pelo orçamento maior neste ano. Conversei muito com o presidente da FGF, Luciano Hocsmann, para que, neste início de temporada, se sente e se debata sobre o futuro do Gauchão e sobre essa divisão de cotas das equipes do Interior. A dupla teria interesse que o Interior fosse mais forte. Poderiam se abastecer de jogadores desses times e ter melhores confrontos, que ajudariam a balizar visando ao Brasileirão. O norte que temos é o Paulistão, em que clubes do Interior estão mais estruturadas. Lá, elas recebem R$ 6 milhões de cota, contra R$ 800 mil aqui. A diferença é muito grande. Sei que esse ano foi atípico nessa relação, mas temos de trabalhar para uma equalização maior. Não podemos receber 10, 12 vezes menos do que a dupla. Em São Paulo, essa diferença entre Interior e os quatro grandes da Capital, mais o Santos, é de cinco vezes.
Se nos mantivermos próximos dos líderes até a quinta, sexta rodada, podemos brigar por vaga na semi
WALTER DAL ZOTTO JR
PRESIDENTE DO JUVENTUDE
E sobre as chances de título?
Este é um campeonato em que o Juventude, pelo orçamento maior, teria de brigar por semifinal. O início é difícil, tivemos pouco tempo de preparação e não contamos com time de transição, como a dupla. Se nos mantivermos próximos dos líderes até a quinta, sexta rodada, podemos brigar por vaga na semi.