O Grêmio joga nesta quarta-feira (14) 90 minutos que valem um ano. O jogo contra o Independiente del Valle define não só o caminho a tomar na encruzilhada da Conmebol, se a Libertadores ou a Sul-Americana. Mas também o nível de investimentos em reforços e o nível de pressão a que Renato e seu time serão submetidos em um futuro imediato.
Para se ter ideia do quanto vale esta partida, em caso de eliminação para os equatorianos, será a primeira vez desde 2016 que o clube ficará de fora da fase de grupos. Ou seja, enveredar para o Grupo H da Sul-Americana colocará o Grêmio em uma turma que, definitivamente, não é a sua, com o peso anímico que isso representa.
Some-se a tudo isso a questão econômica. A Libertadores garante apenas na fase de grupos US$ 3 milhões (R$ 17,1 milhões). Na Sul-Americana, são US$ 900 mil (R$ 5,1 milhões). Todos esses argumentos listados antes ajudam a dimensionar o tamanho da decisão desta noite. Pela importância do jogo, não se pode descartar que Renato reveja alguns dos seus preceitos na montagem do time.
Kannemann, Jean Pyerre e Pepê estão há quase 40 dias sem atuar. O técnico não costuma colocar direto em campo alguém que passou tanto tempo no departamento médico ou em recuperação física, caso de Jean Pyerre. Acrescente-se à lista Maicon, que saiu do Gre-Nal com um incômodo, há 10 dias. Ou seja, seriam quatro jogadores sem as melhores condições de volta à equipe. Mas o momento exige força total e uma casca mais grossa para superar um adversário que tem no desassombro sua grande virtude. Por isso, eu não descartaria os quatro em campo desde o começo.
A derrota de virada em Assunção empurrou para o Grêmio a necessidade de tomar a iniciativa da partida. Não será possível, desta vez, fazer um jogo estratégico, de espera pelo erro do adversário para ser letal. O roteiro da classificação exige pressão desde o começo, volume de jogo e, principalmente, uma postura propositiva.
O Del Valle, embora seja afinado e muito consciente do que faz em campo, mostrou fragilidades defensivas. Mas, para explorá-las, o Grêmio precisa resgatar qualidades que, há alguns meses, parece ter perdido. Ou faz isso, ou sentirá, em abril, o amargor de uma eliminação que retumbará o ano inteiro.