Um Inter perdido entre o domingo e a quarta-feira foi derrotado pelo América-MG por 1 a 0 e se enredou bastante na busca por uma vaga na semifinal da Copa do Brasil. A mudança no comando técnico deixou o time no meio do caminho entre duas ideias de jogo bem distintas.
Não foi intenso e aceso. Muito menos acossou o adversário com uma marcação agressiva já na saída de bola do adversário. Ou seja, não teve nada de Coudet. Também não foi cadenciado e envolvente com a bola, dominando as ações do jogo, como gosta Abel Braga.
Aliás, se havia um time com características de jogo semelhantes àquela vista no Inter até domingo, era o América. Lisca mostra-se cada vez mais um técnico pronto para o voar mais alto. Posicionou seus jogadores à frente, marcou a saída de bola, vigiou os avanços de Heitor e cortou as linhas de passe do Inter.
Quando teve a bola, acelerou e transitou com rapidez até o gol de Lomba. Principalmente com Ademir, um jogador que precisa estar na lista de compras dos grandes em 2021.
Lisca, é verdade, foi beneficiado por essa crise de identidade do Inter. Abel recuou Edenilson, deixou-o mais próximo de Lindoso. Por vezes, os dois estiveram até alinhados. Marcos Guilherme e Patrick jogaram abertos nas pontas para servir Abel e Galhardo.
Só que não funcionou. Edenilson perdeu seu maior trunfo, a infiltração, a chegada forte de trás, quando usa seu vigor físico. A mudança fez com que o time ficasse mais estagnado e com uma transição lenta. Galhardo, assim, foi menos acionado, não teve aquela trama por dentro com os meias e viu seu rendimento cair.
A lesão de Patrick, ainda no primeiro tempo, complicou ainda mais. Abel colocou Peglow. Primeiro, pela esquerda, depois, pela direita. Percebe-se que o guri tem qualidade e ferramentas. Mas é nítido que ainda está verde. Substituí-lo, no segundo tempo, não foi a melhor escolha. Será preciso ver como reagirá um jogador de 18 anos a uma situação dessas. Se veteranos sentem, imagina um guri.
Abel, é justo que se diga, tentou de todas as formas buscar o empate. Mudou sem receio. Só que acabou o jogo com uma formação desordenada. Marcos Guilherme virou lateral, Edenilson e Nonato alternaram entre meia e volante, D'Alessandro não encontrou seu espaço e, na área, Abel, Yuri e Galhardo esperaram uma bola que desse o empate.
Galhardo até a teve, mas perdeu. Não foi uma boa estreia para Abel. Mais, foi preocupante. A virada de chave de um modelo para outro pode cobrar um preço bem alto.