Léo Scienza completou 22 anos no domingo (13). O presente veio dias antes, na forma de um contrato de dois anos com o Schalke 04, um dos clubes mais populares da Alemanha. Mais do que um presente, foi um prêmio pela persistência do guri que deixou Venâncio Aires aos 16 anos em busca do sonho de ser jogador. Não foi fácil. Na verdade, nunca é. Mas a história do meia-atacante destro e de drible curto mostra que só chegam lá os perseverantes.
Léo, neste primeiro momento, jogará pelo time B do Schalke. Disputará a Regionalliga West, um campeonato regional com times profissionais e os sub-23 das principais camisas, como Dortmund, Borussia M'Gladbach e Colônia. Mas chegar à Alemanha foi um passo gigantesco para quem se aventurou na terceira divisão da Suécia e padeceu na mão de empresários. A própria ida para a Suécia foi pontuada por embaraços. Léo foi levado por agentes brasileiros com contatos lá em 2018 e impressionou nos testes. Ficou combinado que voltaria com outros garotos brasileiros em janeiro de 2019. Foi o que fez. Só que ao desembarcar descobriu um cenário diferente daquele combinado meses antes. Em vez de um time, sugeriram novos testes e o hospedaram em um apartamento equipado com pouco mais do que um colchão.
Mais velho de dois irmãos, criado pela mãe e recém órfão de pai, o meia pensou em voltar para casa. O convite que apareceu foi de um bósnio ligado ao Fanna BK, clube de cidade próximo de Estocolmo e que disputava a terceira divisão sueca. A proposta era boa: casa, comida e um salário. Só vieram os dois primeiros. Mesmo assim, Leo topou. acabou a temporada como destaque: 10 gols, 22 assistências e craque da competição. O Fana foi campeão, e tudo parecia se encaixar. O guri que havia tentado a sorte no Lajeadense e na Chapecoense, enfim, via o sol brilhar para ele.
Só que o agente bósnio brigou com o Fanna, e Léo perdeu inclusive a guarida dele. Depois, sugeriu que rompesse com o clube. O guri decidiu ficar. O Fana o instalou em um apartamento e prometeu bancá-lo. Foi a melhor escolha. Um agente levou ao observador do Schalke o vídeo com seus gols e lances. Semanas depois, os alemães o convidaram para alguns dias de testes em Gelsenkirchen. Precisaram de um treino e um amistoso para perceber o talento por trás do meia de 1m72cm. O começo é alvissareiro. Em quatro amistosos, fez dois gols e deu três assistências. Ainda franzino para os padrões alemães, é submetido a sessões duplas de treinos. Que são tão puxados que Léo quase dormiu antes de ouvir o Parabéns a Você no domingo. O que também é o de menos. O presente já tinha chegado na forma de um contrato com um gigante alemão.