Renan Freitas, 35 anos, pode ser apontado como o pai de Matheus Jussa no futebol. No comando do Oeste desde o começo de 2019, depois de ser promovido de auxiliar a técnico principal pelo pai, Cidão Freitas, que também é gestor do clube, Renan indicou a contratação de Jussa para a disputa da última Série B.
Acompanhava o volante desde que surgiu na Portuguesa, em 2014. Depois disso, o jogador teve passagem frustrada pelo Vasco, na qual ficou sete meses sem atuar, e voltou ao interior paulista. Renan havia tentado levá-lo para o Oeste em 2018, mas a oferta do Botafogo-SP foi maior. Titular no Oeste como volante, o canhoto conversou com o técnico antes de se despedir de Barueri e revelou que a ideia de Coudet é usá-lo como zagueiro, pela boa saída de bola. Por telefone, Renan conversou com a coluna e enfileirou elogios ao seu pupilo.
Surpreendeu essa vinda do Matheus para o Inter?
Não porque ele correspondeu o que eu esperava quando o trouxe para o clube. Matheus foi indicação minha, o acompanhava desde 2014, na Portuguesa. Dá para dizer que ele é um dos melhores atletas com quem trabalhei. É realmente um atleta. Fora de campo, tem comportamento excepcional, se cuida, tem prazer em treinar e mostra prazer naquilo que faz no campo.
Que característica ele tem?
De marcação muito forte. Acho interessante que não faz falta boba. Só usa desse artifício quando é o último recurso. Taticamente, é extremamente inteligente, tem boa velocidade, bola aérea defensiva excepcional e bom passe. Acredito que dará certo no Inter. O Coudet faz a saída com os dois zagueiros e o primeiro volante. O Matheus já está acostumado a isso, cumpria essa tarefa aqui. Usava-o porque tem passes rompe-linhas. É um jogador com uma grande regularidade, erra muito pouco. Não me recordo de o Jussa ter jogado mal comigo. Ele tem tudo para dar certo.
No Inter, Coudet pensa em usá-lo como zagueiro. Ele jogou nessa posição no Oeste?
Conversei com ele antes de ir para Porto Alegre. Me disse que estava indo para jogar mesmo de zagueiro. Não terá dificuldade. É rápido, obediente taticamente, faz o que treinador quer. Terá fácil adaptação. O Jussa dá pouco chutão, clareia toda a hora o jogo. Acredito que possa ser boa alternativa. Cheguei a usá-lo como zagueiro em duas oportunidades, mas durante jogos. Nunca começando.
Você aposta alto no Matheus Jussa. Crê que ele está pronto para se afirmar em um grande clube?
A ida dele para o Vasco foi precipitada. O jovem, cada um tem seu tempo de maturação. Entendo que não tinha como ele recusar o convite do Vasco, mas isso deu uma segurada na evolução dele. Havia jogado a Série B, estava com moral e foi para o sub-20 no Rio. Depois, veio a escolha pelo Botafogo, que também foi precipitada. Algumas escolhas, por vezes, podem segurar a explosão do atleta. Hoje, o Jussa está pronto para corresponder. Estava em busca de nova chance em um clube grande. As dificuldades o ajudaram a ficar mais pronto.
A força física pode compensar a altura que não é a ideal para zagueiro, 1m83cm?
Ele é muito privilegiado fisicamente. Esse cara se apresentou, depois de três meses de quarentena, com percentual de gordura em torno de 9%. O percentual de massa dele é absurdo. Os testes mostraram que estava igualado em massa nos membros superior e inferior. Isso mostra que ele se cuidou, se preparou e voltou tão bem como saiu, lá em março.