Uma vergonha. O Gre-Nal que a América viu foi um espetáculo triste, um extrato fiel de uma rivalidade que se tornou doentia e que se alimenta justamente do que fizeram os jogadores em campo, ao trocar socos e protagonizarem cenas de boxe. Uma briga que, olha só, espocou a partir de um lance de arremesso lateral, em que Moisés e Pepê se desentenderam.
A partir daí, acabou o futebol. Acabar com sete na linha para cada lado deu matizes de pelada aos últimos minutos de um clássico que se distinguia da média pela postura ofensiva dos dois times o tempo inteiro.
Numa análise do jogo, que para mim acabou aos 41 do segundo tempo, quando o campo virou ringue, o Inter foi melhor e esteve mais perto da vitória. Mostrou que segue em evolução e avançando nas ideias de Coudet. Marcou alto, controlou as ações do Grêmio no meio-campo e, não à toa, esteve mais perto gol no primeiro tempo, com Boschilia dentro da área, e no segundo, acertando o poste com Edenilson e, de novo, com Boschilia.
O Grêmio só teve seus melhores momentos na partida a partir da entrada de Jean Pyerre no lugar de Maicon. O tripé no meio, com Lucas Silva, Maicon e Matheus Henrique, se dá consistência ao time, tira sua fluidez. A entrada de um meia, mais do que destravar o Grêmio, empurra as peças para o seu lugar e recupera a naturalidade de jogar de um Grêmio que envolve e trama até definir o momento de arrematar. Ficou claro nos 46 minutos com Jean em campo.
Mais do que isso, infelizmente, foi impossível enxergar numa noite em que o descontrole enevoou um Gre-Nal que tinha tudo para entrar na história pela porta da frente e mostrar à América uma de suas maiores rivalidades. Que passou do ponto e, com cenas como aquelas, já deixou de ser rivalidade faz tempo.