Eduardo Costa, um volante pegador nos tempos de Grêmio, está de volta ao Estado. Agora como um técnico adepto do futebol ofensivo. Aos 37 anos, o campeão da Copa do Brasil em 2001 com Tite inicia no Lajeadense sua nova carreira, em um projeto que tem a parceria do Juventude e da LA Sports, do agente Luiz Alberto. Depois de quatro anos fora do futebol, apenas estudando e se preparando para virar treinador, o catarinense de 37 anos se diz pronto para a nova carreira. Por telefone, ele conversou com a coluna.
Será o seu primeiro trabalho desde que deixou o futebol?
Sim, é o primeiro desafio. Parei de jogar em 2015, no Avaí, com 34 anos. Logo em seguida, comecei a tirar as licenças da CBF, fiz estágios, fiquei um tempo fora do país, fiz cursos e li muito sobre gestão e metodologia de treinos.
Com quem você fez estágios?
Com o Zé Ricardo, no Vasco, e com o Dorival Júnior, no São Paulo. Como joguei muito tempo fora do país, fiquei um período na Europa assistindo a jogos e conversando com amigos dos tempos de jogador que hoje estão como técnicos ou em cargos de gestão. Me concentrei, nesse período, no que seria mais importante, como metodologia de treinos, e me preocupei em me capacitar na parte teórica. O restante será questão de prática.
Em que clubes na Europa buscou essa conexão agora?
Atuei por Bordeaux, Olympique de Marselha e Monaco, na França, e no Espanyol, de Barcelona. Aproveitei os contatos para buscar conhecimento. Aqui, tirei a Licença A e pretendo tirar a Pro em dezembro. É o último estágio nos cursos da CBF. Mais adiante, quero tirar licenças fora. Já estive olhando a da Uefa. Falo francês e espanhol e me viro no inglês, o que facilita.
Como será o técnico Eduardo Costa no vestiário?
Sou tranquilo, um cara que prima pela verdade, pelo trabalho, que se preparou para o cargo. Não tem como dissociar a sua personalidade do que você será como profissional. Tenho uma linha em que acredito, tenho meu conceito de futebol baseado naquilo que imagino ser o jogo. Estudei muito para aplicar isso. Agora, tenho de colocar em prática o que estudei e aliar à experiência do período de atleta.
Que conceito de futebol é esse?
Meu time não vai ser aquele que especula. Sempre entrar para ganhar o jogo. Agora, tudo depende do grupo de jogadores que você terá à disposição. Daí pode definir se usará linha alta ou baixa de marcação, por exemplo. Você não pode ter um sistema fixo, é preciso ter flexibilidade. Mas o certo é que atuaremos sempre para buscar a vitória, não me vejo de outra forma.
Você, volante marcador, virou técnico adepto do jogo ofensivo.
Eu jogava numa função onde o atleta participa das duas fases do jogo, a ofensiva e a defensiva. O volante atua em um setor em que a todo o momento o jogo passa por ali. Isso dá uma leitura do campo, uma ideia clara da partida. Nos times em que pude conquistar títulos, atuávamos sempre para vencer. Isso sempre me deixou claro que é muito melhor jogar atacando, independentemente se suas linhas são altas ou baixas. Você tem muito mais chance de vencer com essa postura do que se ficar especulando, esperando por uma bola.
Quando descobriu que seu futuro seria como técnico?
Foram várias situações que me sinalizaram. A convivência com alguns treinadores, o fato de estar sempre entre os líderes do grupo e ser sempre chamado pelo técnico para interagir. Sempre fui observador e questionador. Me chamava a atenção que alguns treinadores se limitavam a dizer na preleção: “Vamos pegar” ou “Vamos marcar”. Na semana, porém, não mostravam como fazer isso. Como atleta, você tem poder de argumentação limitado, se passa uma linha já é tratado como indisciplina. Isso me incomodava e fazia pensar que, como treinador, poderia fazer diferente.
Como surgiu o Lajeadense?
É um negócio com três pontas (Lajeadense, Juventude e L.A. Sports). Nossa ideia é fazer uma equipe competitiva, dar aproveitamento aos atletas que não estejam atuando com frequência no Juventude, apostar em jovens do Lajeadense e agregar algumas indicações nossa. A meta é buscar vaga na Copa do Brasil ou na Série D.