Bravura e coragem, foi por ter esses dois atributos que o Grêmio mantém vivo o sonho do Tetra da Libertadores. O Estudiantes está ainda longe de ser um time de qualidade – e a amostragem desse começo de temporada argentina já mostrou que será logo ali na frente. Mas esse Estudiantes é corajoso e vende caríssimo as suas derrotas. O Grêmio só conseguiu comprá-la porque igualou-se na bravura ao rival e teve coragem para buscar a classificação.
Não teve técnica, não teve requinte ou o jogo bonito de outrora. O Grêmio utilizou outros caminhos para avançar na Libertadores. Precisou lutar por 92 minutos para chegar à vitória. Não desistiu por um instante, buscou o gol sempre, peleou por cada bola com os zagueirões do Estudiantes e os volantes e laterais que formavam barricadas diante deles. Foi bravo o tempo todo.
Mas contou também com a coragem de Renato. Primeiro, ele trocou Ramiro, que anda em sua pior fase no Grêmio, por Alisson. Depois, tirou um lateral-direito, Léo Moura, e colocou um centroavante, André. Quando a insistência havia virado drama, veio o jovem atacante Pepê no lugar do volante Jailson. Os três jogadores ofensivos viraram seis. Ou seja, o Grêmio finalizou a partida com 60% dos jogadores de linha sendo atacantes, mais Cortez, um lateral ofensivo. Isso é coragem. É preciso tê-la para vencer no futebol. Assim como bravura.
Agora, só elas resolvem em ocasiões pontuais, como a da noite desta terça-feira. Para uma caminhada mais longa, como a que leva até a final, é preciso também um futebol de qualidade elevada. Nesse quesito, o Grêmio precisa recuperar alguns passos. Está muito aquém do que já mostrou.