Os colorados encontrarão algumas novidades no Beira-Rio nesta largada de 2018. Nem todas estarão disponíveis no dia 18, quando o Inter abre a temporada 2018 contra o Veranópolis, pelo Gauchão. Mas é certo que os torcedores terão, por exemplo, uma gama maior de lanchonetes, variedade no cardápio oferecido — hoje restrito a cachorro quente, pipoca, pastéis e pizzas.
A Brio, responsável pela gestão das lojas e dos bares, além das áreas VIPs, prepara um novo conceito para o mix de lojas existente no estádio. Cada vez mais, aponta o CEO da Brio, Paulo Pinheiro, o Beira-Rio caminha para se tornar um polo gastronômico.
Em março, 15 lojas serão abertas no street mall — com predomínio dos segmentos de alimentação e bebidas. A temporada prevê também, pelo menos, sete shows no Beira-Rio. Quatro deles ocuparão o espaço total no estádio.
A coluna foi conversar com Pinheiro. Confira trechos da conversa.
Com a série de shows em 2017, o ano pode ser considerado fora da curva?
Ao longo de 2017, criamos condições de crescimento, independentemente do que estava acontecendo no campo. Com o time na Série B, o tíquete médio diminuiu. Não podemos nos esquecer que administramos um miniestádio com 7,5 mil lugares. O valor médio do ingresso caiu, mas aumentamos a média de público _ e a do Inter foi excelente. Nesse contexto, entram o negócio dos shows, construímos a imagem de empresa operadora de lugar sensacional para espetáculos.
Qual a previsão de shows para 2018?
Soubemos de uma história de bandas que se conversaram entre elas para decidir se tocariam Buenos Aires, Porto Alegre e Curitiba. Uma delas sugeriu: toca em Porto Alegre que é uma baita praça. Isso é fruto da convivência com as produtoras. Não me lembro na história da Brio e da Beira-Rio de ter sete shows no ano. Para este ano, segue forte a procura. Temos fechados quatro shows de estádio inteiro (Phil Collins, 27/2, Foo Fighters e Queens Of Stone Age, 4/3, Andrea Bocelli, 26/9, e Roger Waters, 30/10. No orçamento para 2018, coloquei a previsão de dois shows no anfiteatro, uum deles já em conversas, negociando a data.
Essa relação entre shows e jogos é algo ainda a amadurecer na relação entre clubes e gestoras de estádio, não?
Costumo dizer que estamos em caminho de aprendizado, de evolução. Nem toda essa engrenagem funciona ainda. A questão das datas é um ponto, os clubes de adaptarem também. É muito novo no Brasil esse cenário em que empresas e clubes de futebol atuando em conjunto no mesmo espaço físico. É preciso criar condições para isso evoluir, para as energias serem direcionadas a uma agenda positiva.
Quais são as receitas da Brio?
Administramos 5 mil cadeiras e 2,5 mil lugares nos camarotes e skyboxes. Isso é a Brio futebol. Além disso, temos as 3 mil vagas do edifício-garagem. os 65 bares internos do estádio e as lojas externas. São 39 lojas e entramos 2018 com mais 15 comercializadas _ ao todo, serão 20 ocupadas. Administramos ainda as receitas de patrocínio e publicidade dentro e fora do estádio, com placas e telões e os shows. Essa é nossa receita, com esporte, que é o futebol, o varejo e o entretenimento.
Qual foi o incremento com os shows?
Temos 60% das receita vinda do futebol. Esse ano caiu 10%, mas aumentou 10% com os shows.
Só 10%?
A Brio loca o estádio como se loca um apartamento. Ou seja, alugo o Beira-Rio, que custa R$ 350 mil para show de estádio inteiro e R$ 250 mil o anfiteatro, em valores aproximados. Meu papel é alugar o estádio. Se tiver 50 mil pessoas, 10 mil ou 60 mil no show, o valor do aluguel é o mesmo. Ganhamos um pouco mais com alimentação, nos bares, e o estacionamento. A bebida é de quem traz o show, do patrocinador.
Uma coisa é o gramado estar amarelado, outra é não te condição de jogo. Sempre teve. Nossa parte é investir nos melhores equipamentos para corrigir. Trocamos 2,800 metros quadrados de grama no Beira-Rio em 2017. Nunca foi feito isso. É a metade de um campo. Foram duas trocas. Fizemos aqui tudo o que se faz no Exterior.
PAULO PINHEIRO
CEO da Brio
O excesso de shows em 2017 acabou afetando o gramado. Mas tem como evitar isso?Primeiro, infelizmente, se disse muita bobagem sobre esse tema. Por falta de conhecimento ou de buscar a informação correta. Quando se faz um show de estádio inteiro no Beira-Rio, o palco fica atrás da goleira sul, sobre a grama sintética. Quando o show é de anfiteatro ampliado, o palco fica sobre o gramado. Tudo o que se possa imaginar de tecnologia e equipamento se aplicou e se aplica no Beira-Rio. Contratamos, em função dos shows, a engenheira agrônoma Maristela Kuhn, referência no brasil. para cuidar correta e preventivamente do gramado em função dos shows. O público fica em cima de uma cobertura, a easy floor plus, usada para proteger o gramado no mundo inteiro. Nesse caso, não existe dano ao gramado. O dano ocorre sempre embaixo do palco, pelo peso.
Quando o show usa meio estádio, o palco fica dentro do campo.
Sim, tenho de colocar dentro do campo. Mas usamos um outro tipo de cobertura, uma tecnologia de proteção que sustenta mais qulos por metro quadrado em uma área menor. Ela espalha esse peso par proteger o solo. Quando se tem um palco sobre o gramado, a grama fica amarelada, não faz fotossíntese. Mas, em dois ou três dias, ela volta a ter a cor
Mas houve um jogo em que chamou a atenção o estado do gramado na metade sul.
Houve um caso, que foi o mais grave, que foi o pós-show do The Who. Mas, em nenhum jogo, consultando as súmulas da CBF, houve apontamento do árbitro de que o gramado não tinha condições. Uma coisa é estar amarelado, outra é não te condição de jogo,. Sempre teve. Nossa parte é investir nos melhores equipamentos para corrigir. Trocamos 2,800 metros quadrados de grama no Beira-Rio em 2017. Nunca foi feito isso. É a metade de um campo. Foram duas trocas, uma primeira de 2 mil metros quadrados e outra de 800 metros quadrados para recuperar 100%. Fizemos aqui tudo o que se faz no Exterior.
Qual a dificuldade para locação de lojas no Beira-Rio?
Está falando aqui um cara que ficou 16 anos administrando shopping, Varejo é outro mundo. É só olhar para os shoppings que verá a quantidade de lojas desocupadas ou aumento da rotatividade. O Beira-Rio está nesse rol também. São 39 lojas. Teremos 21 em 2018 locadas. Se imaginarmos que ali será um shopping, não vai. Inexiste a cultura, um tráfego de pessoas que permita a um lojista ficar aberto sete dias por semana. Pode ser no futuro, mas neste momento, não. Teremos mais duas novas operações de bares e as restantes de alimentação. O conceito do negócio será de serviços, alimentos e bebidas e facilidades do dia a dia. O Beira-Rio tem tradição no segmento de bares e restaurantes. Precisamos recuperar isso.
Que outras novidades o torcedor encontrará no Beira-Rio de 2018?
O Sunset terá novidades, com o redesenho que fizemos. Vamos fazer um novo lançamento, temos 100% dos contêineres ali locados. Teremos muito mais ofertas ao torcedor. Além de continuar com os food trucks, teremos novos cinco contêineres, em 2017 eram dois. Teremos novidades nos bares internos. Hoje, são 65 bares, com quatro operações com 11 lojas cada. Teremos mais variedades de produtos no Beira-Rio. um cardápio mais variado. Queremos fazer do Sunset um point não apenas no dia do jogo. Nossa ideia é trazer para esse espaço durante a semana todas as tribos que usam a Avenida Beira-Rio, como os bikers, os corredores, os skatistas. Tem potencial imenso aquele espaço.