Foi com visível desconforto que o prefeito de Porto Alegre, Sebastião Melo, respondeu ao meu questionamento sobre o serviço de manutenção das casas de bomba, responsáveis por drenar a água da chuva na capital. Durante o programa Conversas Cruzadas, na semana passada, debatemos os desafios pós-enchente com a participação de Melo e outros prefeitos. Perguntado sobre a manutenção, Melo garantiu que estava em dia, mas sua reação revelou contrariedade. Antes disso, em 20 de maio, o Grupo de Investigação da RBS (GDI) havia divulgado uma reportagem apontando que, em 2018 e 2023, engenheiros da prefeitura alertaram sobre deficiências nestes locais que poderiam contribuir para inundações.
A preocupação persiste. E se chover muito de novo? O que foi feito para melhorar nosso sistema de proteção nesse intervalo? É consenso que precisamos elevar os motores e instalar bombas flutuantes. Será que deu tempo?
Buscando respostas, consultei o Departamento Municipal de Água e Esgoto de Porto Alegre (DMAE). O diretor-geral, Maurício Loss, reiterou que a manutenção estava em dia, mas destacou a necessidade de pressa para corrigir as fragilidades.
Seis consultorias com experiência em obras deste tipo foram convidadas pelo DMAE para participar de uma concorrência, cujo objetivo é realizar um anteprojeto que servirá de referência para as reformas nas 23 casas. Já nesta terça-feira (2), os envelopes serão abertos. Concluída esta etapa, saberemos quais intervenções são necessárias em cada local. A expectativa da prefeitura é iniciar os trabalhos em agosto, com empreiteiras que também comprovem experiência em obras similares.
O custo total estimado é alto, cerca de R$ 500 milhões para reformas de diques, comportas e casas de bombas. Maurício Loss estimou que R$ 350 milhões viriam do próprio DMAE, com o restante oriundo de financiamentos ou do governo federal.
Cabe a nós, cidadãos, manter a vigilância. Aflitos e atentos, observando as previsões meteorológicas e as ações das autoridades. Estejamos com os olhos abertos para fiscalizar, cobrar e continuar questionando. Porque, enquanto a chuva não volta, só nos resta a espera inquietante e a esperança de que, da próxima vez, estejamos realmente preparados.